1. Esta semana foi notícia um processo instaurado pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol a uma jornalista da Sport TV, por Rita Latas ter feito uma pergunta que não estava no guião desportivo no final do jogo. Reza a história que a Federação de Futebol fez um regulamento que só permite aos jornalistas fazerem perguntas sobre o jogo quando entrevistam os protagonistas logo após o apito final.
A Associação dos Jornalistas de Desporto CNID, e o Sindicato dos Jornalistas, entre outros, manifestaram-se contra essa aberração, mas, na verdade, todos sabemos que o futebol tem leis próprias, que fazem lembrar, em muitos casos, a máfia italiana. Ainda há uns anos um responsável de um canal desportivo me explicava que não podia fazer a votação do melhor golo porque alguns clubes ficavam chateados com a escolha, desde, claro, que não fosse um jogador seu a ser o eleito.
Se o fizessem, o canal teria a vida dificultada sempre que fosse cobrir algum jogo ao estádio do clube. Mas pode ser que esta história contribua um ‘pouquinho’ para uma maior transparência do futebol nacional, o que eu não acredito. Enquanto o Estado não copiar o sistema inglês, onde os trogloditas das claques não têm espaço nos estádios, onde os clubes que importunem o trabalho dos jornalistas são castigados, em que as equipas são obrigadas a dar entrevistas e a promover o campeonato, não tenho grandes esperanças que as coisas mudem.
2. Pedro Santana Lopes pode ter todas as razões para se ter sentido traído pela CNN Portugal, que terá combinado, segundo ele, a não mostrar uma das suas mais célebres fotos, onde aparece com um lenço vermelho à cabeça, no cruzeiro da Kapital a Ibiza, no ano de 1996! Como o fizeram, Santana Lopes desligou a vídeo chamada e foi à sua vida, mostrando coragem. Mas o que não entendo é por que razão Santana Lopes não assume que gostava de festas e que frequentava discotecas.
Se por acaso a CNN Portugal tivesse publicado alguma foto sua numa festa do Champanhe do antigo T-Clube, na Quinta do Lago, teria tido o mesmo comportamento? Há algum problema em dizer que há 25 anos adorava sair à noite, calculo que agora já não se sinta em condições de o fazer. Eu há mais de 35 anos que o faço e continuo a fazê-lo, e com muito gosto. Agora até há um padre DJ e não é por essa razão que tem menos ovelhas no seu rebanho.
Santana Lopes bem podia ter tido essa coragem, que não lhe tem faltado em muitas ocasiões da sua vida.
3. Numa altura que se fala tanto em crise fico banzado com a loucura dos festivais e concertos. Mal foi anunciado que os bilhetes para o concerto dos Coldplay em Coimbra estavam à venda, esgotaram-se em minutos. Sendo que o bilhete mais barato andaria pelos 65 euros e o mais caro pelos 150. Mas não é que a organização anuncia mais três concertos e os bilhetes voltaram a desaparecer num ápice? E o que dizer de garagens em Coimbra estarem a ser alugadas para esse dia a 300 euros? E quartos a mil? mSerá que vivemos num país de milionários?
4. Marques Mendes voltou a brilhar na Universidade de Verão do PSD. Além de ter falado no futuro de atores políticos como Rui Moreira e Duarte Cordeiro, o comentador mais famoso do país, e com audiências recorde, não pôde deixar de se referir às próximas eleições presidenciais e, como era óbvio, teria de falar na sua posição. E o que disse Marques Mendes?
«Repetindo pela enésima vez, embora alguns achem que isto não é genuíno, mas é: não está nas minhas ambições, nos meus propósitos, nos meus objetivos de futuro qualquer candidatura à Presidência da República».
Marques Mendes foi inteligente em não dizer ‘nem que Cristo desça à Terra’ se candidata, pois eu tenho quase a certeza que estará na linha da frente na corrida a Belém. A não ser que o almirante Gouveia e Melo tenha sondagens estratosféricas próximas do ato eleitoral…