O Banco Central Europeu (BCE) anunciou o aumento das taxas de juro em 75 pontos-base, indo ao encontro das perspetivas mais pessimistas dos analistas. Trata-se do segundo aumento consecutivo e, mais uma vez, representa uma nova subida histórica.
"Este grande passo antecipa a transição de um nível predominante de uma política de taxas de juro altamente acomodatícias para níveis que irão garantir o regresso atempado da inflação para a meta de médio prazo de 2% do BCE", diz o organismo.
Isso significa que, a partir de 14 de setembro, a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento passa para 1,25%, enquanto a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez avançou para 1,5% e a dos depósitos para 0,75%.
Em entrevista ao i, Ricardo Evangelista, Analista Sénior da ActivTrades, já tinha admitido que não tinha dúvidas: “A questão já não é se o BCE vai subir ou não as taxas de juro. É quanto é que vai subir?”. E face a isso admitia: “As famílias vão ter de começar a poupar mais, porque a prestação da casa sobe, o crédito fica mais caro e até aquelas coisas que, às vezes, se compram e que são uma pequena extravagância já não se vão poder comprar tão facilmente”.
E lembra que, ao contrário do que se verificou na crise de 2008/2009, em que os bancos centrais foram “muito mãos largas e iniciaram programas de compras monstruosos, cortaram as taxas de juro para níveis baixos”, enquanto os Governos, adotaram posturas muito mais restritivas, “com se fosse quase um culto da austeridade”, agora os papéis inverteram-se.
E não hesita em reconhecer que “a inflação está-se a tornar um problema muito grande e que os fins justificam os meios”, daí compreender a subida das taxas de juros por parte do BCE.
Como solução, Ricardo Evangelista admite que todos os Governos “estão-se a ver forçados a adotar uma postura mais generosa com os cidadãos e a evitar sobretudo cenários de austeridade que iriam ainda exacerbar mais esta crise”. Mas deixa uma garantia: “Não gostava nada de estar na pele das pessoas que têm que tomar estas decisões".