Jerónimo de Sousa acusou este domingo o Governo de estar a fazer uma "grande operação ideológica" para impedir um aumento de salários capaz de faezr face aos efeitos da inflação, defendendo ainda o aumento do salário mínimo para 850 euros já em janeiro.
O líder comunista discursou no Encontro de Quadros da Juventude Comunista Portuguesa, em Lisboa, e afirmou que o Governo fala "do valor do salário mínimo para 2026, para não se comprometerem com o seu aumento significativo já em janeiro".
"Dizem que querem aumentar o salário médio mas não eliminam as barreiras que o impedem, designadamente a caducidade da contratação coletiva", criticou ainda.
Depois de vários jovens discursarem acerca das suas dificuldades na escola, no ensino superior ou no mercado de trabalho, Jerónimo afirmou que se tem assistido a "grande operação ideológica" nos últimos dias "para procurar justificar o injustificável".
"O Governo, de conluio com o grande capital, quer fazer-nos aceitar que os trabalhadores têm mesmo que aguentar uma nova degradação das condições de vida", afirmou.
O secretário-geral do PCP referiu também "dificuldades dos jovens trabalhadores que estão apertados entre a ausência de vínculo, por um lado, vivendo na permanente incerteza do dia de amanhã, se o contrato é renovado ou não, se o salário está ou não garantido, e, por outro lado, a persistência dos baixos salários que se confronta com o brutal aumento dos preços", sublinhando que "perante uma inflação que no final do ano se situará em cerca de 8%, o Governo e os patrões querem fazer crer, com o respaldo do comentário especializado, que não é possível um aumento de salários acima dos 4,8%".
Recorde-se que na quarta-feira, o Governo propôs aos parceiros sociais uma valorização nominal das remunerações em 4,8% em média, em cada ano, entre 2023 e 2026, de forma a garantir, nesse período, um aumento médio de 20% no salário dos trabalhadores.
"Dizem uns que a inflação é temporária e portanto para o ano já não se faz sentir, fingindo não saber que só este ano os trabalhadores já perderam um salário com o aumento dos preços e que isso sem o aumento dos salários não será revertido. Dizem outros que as empresas não aguentam, por causa dos custos da energia, dos combustíveis, das matérias-primas, tudo fazendo para que não se fale nos escandalosos lucros dos grandes grupos económicos que, em tempo de crise e dificuldades, aumentam vertiginosamente", referiu o comunista, realçando que não se deve falar em e questionando se um trabalhador "estar oito horas à frente de uma máquina, de um computador ou de um volante já não é suficiente para justificar o seu salário".