Depois de ter lançado os mais ferozes ataques desde o início da guerra, Moscovo continua sem dar tréguas a Kiev, lançando novos mísseis, inclusive para Zaporizhzhia, onde se situa a maior central nuclear da Europa. Segundo as autoridades ucranianas, o número de mortes subiu para 19 e pelo menos 105 pessoas foram reportadas como feridas.
O Ministério da Defesa da Rússia confirmou que continuam a lançar ataques aéreos de longo alcance contra infraestruturas militares e que providenciam energia à Ucrânia, uma ofensiva que deixou partes do país sem energia após os ataques de segunda-feira.
Os bombardeamentos, de segunda e terça-feira, atingiram várias cidades ucranianas, incluindo a capital de Kiev, que desde o final de junho não sofria ataques das tropas russas.
Além de Kiev, as cidades de Lviv, Dnipro, Zaporijia, Sumi, Kharkiv e Jytomyr foram também atingidas por mísseis russos na segunda-feira.
Após os mais recentes ataques em Zaporizhzhia, foi registada pelo menos uma vítima mortal como consequência dos ataques que aconteceram durante a noite, com mísseis S-300. “Eles são essencialmente partes de um sistema de defesa aérea que foi adaptado para atingir alvos terrestres, apesar de não serem muito precisos, danificam o suficiente para atingir um stand de automóveis”, disse o jornalista do Al Jazeera, Rory Challands.
Além do disparo de mísseis nesta região, foi ainda reportado que o diretor-geral adjunto da central nuclear de Zaporíjia, Valeriy Martynyuk, foi raptado pelas forças russas, esta segunda-feira, e está detido num local desconhecido, revelou a empresa estatal de energia nuclear da Ucrânia, a Energoatom, através do Telegram.
Segundo a empresa, a Rússia espera obter “a informação de que necessitam desesperadamente sobre os ficheiros pessoais dos empregados da central nuclear de Zaporíjia”, a fim de os forçar “a trabalhar para a Rosatom [empresa estatal russa de energia nuclear] o mais rapidamente possível” e estará a utilizar “táticas de tortura e intimidação”.
A Energoatom apelou ao chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, para que tome “todas as medidas possíveis” para ajudar a libertar Martynyuk.
ONU condena novos ataques Estes devastadores ataques aconteceram como retaliação, por parte da Rússia, após o ataque contra a ponte de Kerch, que liga a Rússia à Crimeia e que é considerada a joia da coroa do Presidente russo, Vladimir Putin, e estão a ser amplamente criticados pela comunidade internacional.
As Nações Unidas acusam a Rússia de ter violado os princípios desta organização sobre a condução de hostilidades segundo o Direito Internacional Humanitário após os vários ataques com mísseis.
“Estamos seriamente preocupados que alguns dos ataques pareçam ter como alvo infraestruturas civis essenciais, o que indica que estes ataques podem ter violado os princípios sobre a condução de hostilidades sob o Direito Internacional Humanitário”, explicou a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, citada por diversos meios de comunicação internacionais. “Pedimos à Federação Russa que se abstenha de uma nova escalada e tome todas as medidas possíveis para evitar baixas civis e danos à infraestrutura civil”.
Contudo, não existem sinais que estes ataques parem tão cedo, com diversas figuras pró-Kremlin a elogiarem a grande série de ataques russos e a apelarem a Putin para manter a intensidade da ação militar.
Os elogios partiram dos comentadores nacionalistas russos e correspondentes de guerra dos media estatais, que há muito esperavam por uma resposta à contraofensiva ucraniana.