Restauração, hotelaria e alojamento local veem a Web Summit como uma espécie de balão de oxigénio e um prolongamento da época alta, numa altura em que os turistas estrangeiros começam a dar menos de si no mercado nacional. A procura dispara nesta primeira semana de novembro, os preços disparam – é a lei da procura e da oferta a funcionar – e os empresários agradecem.
Um responsável por um hotel no centro de Lisboa admite que um quarto clássico que há umas semanas custava entre 180 e 200 euros, agora está nos 300 euros. Também a taxa de ocupação anda na ordem dos 98%/100%. “Um cenário que repete-se nos restaurantes, unidades hoteleiras e um pouco por toda a capital”, admite ao i.
Também a atividade do alojamento local não fica alheia a esta tendência. E se há empresas do setor que falam em aumentos de preços de 80% e de apartamentos a ultrapassar os 500 euros por noite, Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) é mais contido e acena com subidas entre os 15 e os 20% face à média que é cobrada.
Ainda assim, reconhece que neste momento o que estamos a assistir e, tal como acontecia nos eventos anteriores antes da pandemia, é a um prolongar da época de média/alta até novembro. “Isso é ótimo, porque estamos a conseguir que os preços de outubro se mantenham até ao final da primeira semana de novembro. Com o fim da Web Summit arranca a época baixa até ao Natal”, diz ao i.
O responsável garante que, à semelhança do que acontece com a hotelaria, o alojamento local está a registar taxas de ocupação a rondar os 90%. “A boa ocupação começou no fim de semana antes do evento e termina na sexta-feira, a partir de sábado começa a diminuir”, refere.
Já quando questionado sobre este valores de 500 euros por noite que são cobrados durante esta semana do evento, Eduardo Miranda não hesita: “Se tiver um T5, um apartamento de luxo na Expo em frente ao recinto, se calhar posso cobrar 500 euros. E mesmo assim representa 100 euros por quarto, ou seja, se calhar menos de metade do valor que é cobrado num hotel”.
Um cenário diferente aplica-se a outras tipologias e a outras zonas da cidade. “É possível que um T1 à porta da Web Summit tenha uma valorização acima de um imóvel com a mesma tipologia, situado em outra zona da cidade, mas o que vimos, em geral, em Lisboa é que neste período mantém-se os preços de outubro e os que estão mais perto da Expo andam com valorizações na ordem dos 15%, 20% em relação a outubro. Acaba por ser uma semana com bastante procura e que se alastra para outras partes da cidade”. E garante que sem a atividade do alojamento local seria impossível realizar um evento desta dimensão, já que esta atividade representa metade das dormidas em Lisboa.
“Também era impossível fazer uma final da Champions League ou uma Eurovisão se não existisse alojamento local.
Eduardo Miranda diz ainda que a maior procura verifica-se em relação aos apartamentos maiores. “É comum ficarem no mesmo apartamento duas a quatro pessoas da mesma empresa, do mesmo grupo. Isso acaba por representar uma comodidade porque trabalham juntos. Neste caso a oferta tem de se traduzir em bons apartamentos, apartamentos maiores com internet em alta velocidade. Logo os mais pequenos não sentem tanto esse efeito de procura”, refere o presidente da ALEP.
Atenuar a quebra Já para Daniel Serra, presidente da PRO.VAR, “atendendo ao número de pessoas que chegam a Portugal é positivo”, uma vez que, entende que “é uma forma de equilibrar a quebra que já se começa a sentir”.
Ao i, o presidente da associação admite que eventos como a Web Summit são sempre importantes para o turismo.
“É um evento que, acima de tudo, representa uma forma de atenuar as quebras, tendo em conta que o setor de restauração enfrenta uma situação de incerteza em relação ao futuro porque em termos de resultados líquidos poderão não ser aqueles que muitos esperam, em função da subida dos custos não só das matérias-primas mas também dos recursos humanos que têm subido bastante”.
E não hesita: “Tudo o que pode ajudar o setor é ótimo e este evento vem adiar esta tendência de decréscimo acentuado do consumo que já estamos a sentir, nomeadamente na zona de Lisboa”.
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