Comboios de alta velocidade nas 10 maiores cidades portuguesas, uma nova ponte ferroviária sobre o rio Tejo, ligações em todos os distritos e Lisboa e Porto a três horas de comboio de Madrid são os vários projetos anunciados esta quinta-feira pelo Governo e que deverão estar concluídos até 2050. A ‘bola’ está agora do lado dos portugueses, já que o Plano Ferroviário Nacional aprovado em Conselho de Ministros vai ser aberto à discussão pública.
Pedro Nuno Santos explica que «isto é uma proposta para discussão pública, ela no final não tem de ficar exatamente igual, […] e é instrumento de planeamento que perdurará», através dos seguintes Governos, garantindo que não se trata de um plano de investimentos de curto prazo, nem um plano de financiamento desse investimento, mas permite, «mais uma vez, colocarmos no centro do debate nacional a importância da ferrovia».
Também António Costa não poupou nos elogios. «Precisamos de ter um Plano Ferroviário Nacional que sabemos levará décadas a executar, mas que deve ser uma bússola comum para sabermos o norte em matéria de investimento ferroviário», afirmou o primeiro-ministro, lembrando que não se trata de uma «proposta fechada» e convidando todos a participar na sua discussão «para que tenhamos um plano mais refletido, mais ponderado, mais consensualizado, o melhor passo para que, de um plano possamos chegar à obra».
Mudar o transporte
Em cima da mesa está um novo eixo Intercidades entre Lisboa e Valença ‘com serviços frequentes’, novos serviços entre Porto e Lisboa com passagem pelas beiras e a Linha o Oeste, o regresso do comboio Intercidades direto entre Lisboa e Beja e ainda o prolongamento do comboio Intercidades até Portalegre.
A ideia é que o comboio regresse aos distritos de Viseu, Vila Real e Bragança e, para isso, o documento propõe a construção de uma linha entre Aveiro e Vilar Formoso, com passagem por Viseu e Guarda. Esta linha serviria como alternativa à atual Linha da Beira Alta, que está a ser modernizada ao abrigo do Ferrovia 2020.
Também Vila Real e Bragança poderão ter serviços de comboio com a construção da nova Linha de Trás-os-Montes, no entanto, o documento lembra que para a linha ser competitiva com o automóvel tem de permitir a viagem Porto-Vila Real em menos de uma hora e Porto-Bragança em menos de duas horas.
Está ainda prevista a construção da terceira ponte sobre o Tejo em Lisboa. A ponte Chelas-Barreiro reduz em pelo menos, 30 minutos a ligação de Lisboa ao Alentejo e ao Algarve e também beneficia a conexão ferroviária do Barreiro e da Moita à capital. E, além disso, será possível ligar Lisboa a Évora, com um comboio Intercidades, no espaço de uma hora e a capital a Beja em 1h25. A prazo, também será possível pôr Lisboa a 1h45 da fronteira (Elvas). Entre Lisboa e Faro, a viagem sobre carris passaria a durar duas horas e 25 minutos – podendo demorar ainda menos 30 minutos se houver intervenções no troço Torre Vã-Tunes.
Em estudo está também a ligação de alta velocidade Lisboa – Algarve, com duas alternativas, que passam pela modernização da linha existente para reduzir a viagem em cerca de 30 minutos, ou um novo eixo que inclua Évora, Beja e Faro, com tempo de viagem Lisboa – Faro inferior a duas horas.