PSD pressiona Costa, Chega avança com inquérito

Sociais-democratas aguardam respostas do primeiro-ministro para decidir sobre inquérito.

Os sociais-democratas exigiram ao primeiro-ministro que responda “o mais rapidamente possível” às questões levantadas em torno da sua alegada interferência junto do ex-governador do Banco de Portugal (BdP) Carlos Costa, quer sobre a resolução do Banif, quer também sobre as ligações à empresária angolana Isabel dos Santos.

Na Assembleia da República, o líder parlamentar do PSD enunciou o conjunto de 12 questões enviadas a António Costa, na sequência das revelações feitas no livro O Governador, do jornalista Luís Rosa, em que o partido pretende saber, entre outras coisas, se o primeiro-ministro tentou condicionar Carlos Costa e impedir o então governador do BdP de afastar Isabel dos Santos da administração do banco BIC, nomeadamente se “manifestou discordância relativamente a um eventual não reconhecimento da idoneidade” da empresária angolana ou se foi contactado pela filha de José Eduardo dos Santos, na sequência da reunião que esta teve com Carlos Costa e “na qual foi abordada a avaliação da respetiva idoneidade”.

A maioria das questões levantadas pelo partido liderado por Luís Montenegro centra-se, contudo, no caso Banif, com os sociais-democratas a exigirem saber se António Costa, depois de tomar posse como primeiro-ministro, agiu nas costas do Banco de Portugal para preparar a resolução e venda daquele banco ao Santander.

O PSD preferiu avançar com o requerimento como forma de pressionar Costa em detrimento de uma comissão parlamentar de inquérito, tal como pretendia o Chega. Entretanto, André Ventura lamentou a opção dos sociais-democratas, dizendo esperar que esta não seja uma “manobra dilatória” para evitar que o partido seja envolvido numa nova comissão de inquérito à gestão da banca.

“Este é o momento para fazer esta investigação. O que eu espero, e confio, é que o PSD não está a fazer isto para simplesmente proteger alguns dos seus antigos, atuais dirigentes e que a manobra não é meramente dilatória”, atirou o líder do Chega. De qualquer forma, o partido manterá e levará a votos, quando for agendada, a sua proposta de criação de uma comissão de inquérito.

Em resposta a Ventura, Joaquim Miranda Sarmento afirmou que “o Chega tem essa prática de lançar lama sobre a discussão”. “Não vamos atrás de polémicas. Vamos atrás de factos e do que importa aos portugueses”, acrescentou. Questionado se admite avançar, no futuro, com uma comissão de inquérito, o líder bancada social-democrata remeteu a decisão para mais tarde. “Nunca colocámos de parte essa hipótese”, admitiu.