Mau tempo em Faro espelha dezembro chuvoso e frio

Inundações são resultado da chuva intensa que se fez sentir. Segundo o IPMA, ainda é cedo para entender se a ‘Besta do Leste’, massa de ar gélido, afetará Portugal.

A chuva que caiu em Faro, na manhã desta segunda-feira, provocou inundações, bloqueio de estradas e várias escolas e estabelecimentos comerciais foram encerrados. O coordenador da Proteção Civil Municipal de Faro, Rui Graça, adiantou à agência Lusa que a chuva que caiu no espaço de uma hora, entre as 7h e as 8h, “provocou inundações um pouco por todo o concelho, sendo o centro da cidade a zona mais afetada”.  

Rui Graça avançou também que algumas estradas de acesso à cidade “ficaram igualmente intransitáveis devido à acumulação de água, o que originou o caos no trânsito rodoviário nas três principais entradas da cidade”. Os sistemas de drenagem de águas pluviais tiveram “dificuldade em escoar o grande caudal de água registado num tão curto espaço de tempo, considerando que a situação era difícil de controlar”. 

“A drenagem funciona por gravidade, daí a dificuldade em escoar um acumulado de água de 19 milímetros por metro quadrado num tão curto espaço de tempo”, frisou. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) vai continuar a chover em Portugal Continental até ao fim de semana, mas com maior intensidade na quarta e quinta-feira, acompanhada de vento forte e trovada – sendo que nos arquipélagos a agitação marítima, a chuva e o vento forte predominam -, e este panorama é já o espelho daquilo que acontecerá no resto do mês de dezembro.

Importa lembrar que “uma grande massa de ar muito frio poderá descer em direção à Europa”, o fenómeno que o espanhol El Tiempo define como a “Besta do Leste”. “Nada mais é do que uma entrada de ar frio continental, que às vezes pode ser de origem siberiana. Essas enseadas são caracterizadas por transportar ar muito frio da Rússia, onde as temperaturas caem muito no inverno”, lê-se na notícia veiculada pelo jornal espanhol especializado em meteorologia, sendo explicado que “para que essas massas de ar sejam relevantes e cheguem à Europa, vários critérios devem existir”.

“Em primeiro lugar, é conveniente que no território russo a cobertura de neve seja alta. Neste 2022, por exemplo, a cobertura de neve é elevada”, sublinha, salientando que “depois disso, é necessário que a atmosfera se estabilize nessa área. Por quê? Porque uma massa de ar estável, no inverno, favorece a queda da temperatura”. Posteriormente, “como há pouca radiação solar e há cobertura de neve, o calor não se pode acumular”.

Se essas duas condições forem ‘cumpridas’, “a próxima e mais importante é a que um poderoso anticiclone de bloqueio se forme e se posicione entre a Rússia e a Escandinávia. A partir desta posição, criará um corredor de ventos de nordeste que empurrará a massa fria russa sobre a Europa e a Espanha. 

Se, além disso, uma tempestade se formar no Mediterrâneo, o corredor se intensificará”, avisa, lembrando que, em fevereiro de 1956, aconteceu um fenómeno semelhante que congelou a Península Ibérica, levando a que tanto Portugal como Espanha vivessem sob temperaturas abaixo de zero e ventos gelados.

Segundo o IPMA, em declarações aos vários órgãos de informação na semana passada, ainda é cedo para perceber se esta massa de ar gélido poderá atingir Portugal, sendo que, por agora, sabe-se que continuaremos a ter alguma precipitação e temperaturas mais baixas.