O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) anunciou, esta quinta-feira, o aumento das três taxas de juro diretoras do BCE em 50 pontos base “e, com base na revisão em alta substancial das perspetivas quanto à inflação, espera continuar a aumentá‑las”.
O conselho diz que “considera que as taxas de juro ainda terão de aumentar de forma significativa a um ritmo constante, no sentido de serem atingidos níveis que sejam suficientemente restritivos para assegurar um retorno atempado da inflação ao objetivo de 2% a médio prazo” e é da opinião de que manter as taxas de juro em níveis restritivos “reduzirá, com o tempo, a inflação, ao refrear a procura, e protegerá também contra o risco de uma persistente deslocação, em sentido ascendente, das expectativas de inflação”.
Depois deste anúncio e, em conferência de imprensa, a presidente do BCE, Christine Lagarde, garantiu ainda que os juros vão continuar a aumentar “significativamente”. “Prevemos subir [taxas de juro] significativamente mais porque a inflação se mantém demasiado elevada e é expectável que se mantenha acima da nossa meta [de 2%] por demasiado tempo”, disse a responsável.
Christine Lagarde disse ainda que, no seio do Conselho do BCE, há um “acordo total” para “manter o rumo” e a “perseverança” no combate à inflação. Mas reconhece que nem todos estiveram de acordo “sobre a estratégia” que se deve seguir.
Esta subida, que já era esperada, vai ter impacto nas taxas Euribor, que também subirão, o que tornará o crédito mais caro, aumentando por exemplo o valor das prestações mensais das hipotecas. Uma situação que também terá reflexos em quem está a pensar em pedir empréstimo.
De acordo com as simulações feitas pela plataforma ComparaJá.pt, as prestações podem subir entre os 34,7 euros e os 134,93 euros.
O problema inflação
O BCE recorda que as últimas estatísticas do Eurostat, dizem que a inflação se situou em 10,0% em novembro, sendo esta taxa ligeiramente inferior à de 10,6% registada em outubro. “A descida deveu-se sobretudo à menor inflação dos preços dos produtos energéticos”, explica o banco central. “A inflação dos preços dos produtos alimentares e as pressões subjacentes sobre os preços no conjunto da economia intensificaram‑se e persistirão durante algum tempo”, diz ainda, acrescentando que “num contexto de incerteza excecional, os especialistas do Eurosistema reviram significativamente em alta as suas projeções para a inflação” e consideram agora que a inflação média atingirá 8,4% em 2022 e descerá depois para 6,3% em 2023, “esperando-se uma descida marcada da inflação no decurso do ano”. E projeta-se ainda que se situe, em média, em 3,4% em 2024 e 2,3% em 2025.
E há riscos: “A atividade económica na área do euro poderá registar uma contração no presente trimestre e no próximo, devido à crise energética, à elevada incerteza, ao enfraquecimento da atividade económica mundial e às condições de financiamento mais restritivas”.
E, de acordo com as projeções mais recentes dos especialistas do Eurosistema, “uma recessão seria relativamente curta e pouco profunda”.
Espera-se que o crescimento seja fraco no próximo ano, “tendo este sido revisto significativamente em baixa em comparação com as projeções anteriores”. Em geral, as projeções elaboradas por especialistas do Eurosistema indicam agora que a economia registará uma taxa de crescimento de 3,4% em 2022, 0,5% em 2023, 1,9% em 2024 e 1,8% em 2025.