Da esquerda à direita, os partidos da oposição criticaram o desfasamento do primeiro-ministro com o país real. Na sua habitual mensagem de Natal, António Costa falou em confiança, mas a oposição acusou a ausência de respostas aos problemas que atingem os portugueses, dando exemplos desde a saúde à educação, ao aumento do custo de vida. “Dificilmente os portugueses se reconhecerão neste país que o primeiro-ministro pintou”, resumiu o PCP.
“Podíamos achar que o primeiro-ministro vive num mundo à parte se não soubéssemos melhor que isso”, diz também Alberto Gonçalves ao i. Para o sociólogo, António Costa, “como de costume”, faz uso de uma “propaganda tosca que não deveria convencer ninguém dado o contraste daquilo que diz com a realidade”. “Mas acaba por convencer, pois sabe que para o público que tem e que é o suficiente para manter a sua popularidade em níveis até bastante positivos, este nível de propaganda é suficiente e, portanto, não acho que esteja fora da realidade, acho que o seu discurso é que está fora da realidade”, explica.
Do lado do principal partido da oposição, o secretário-geral do PSD viu um primeiro-ministro de “braços caídos” sem “uma palavra para os principais problemas das pessoas que vivem o dia a dia em Portugal”. Hugo Soares assinalou que o país está “cada vez mais pobre, com impostos no máximo e serviços públicos no mínimo”.
“O mais gravoso na nossa perspetiva foi a incapacidade de António Costa ter uma palavra de solidariedade para com aqueles que neste momento enfrentam e lutam contra os principais problemas do país: a inflação, o encerramento de serviços de saúde, a dificuldade de pagar a prestação da casa”, sublinhou o líder do Chega, André Ventura.
Já a Iniciativa Liberal viu nas palavras do chefe do Governo uma “espécie de autoelogio”. Na educação, “não se veem evoluções” e sobre a saúde, “nem vale a pena falar”, afirmou João Cotrim Figueiredo.
À esquerda, o dirigente comunista Jorge Pires notou que a “confiança” de que falou Costa só serve se for para “resolver o problema dos salários, da inflação e do aumento dos preços”, algo que não tem acontecido. Pelo BE, considerou que o primeiro-ministro não falou das “questões da vida concreta das pessoas”, acrescentando que as dificuldades por causa da inflação ficaram fora do discurso.