A inesperada (?) visita a Kiev do Presidente Biden traduz a decisão firme dos EE UU no apoia à luta do povo ucraniano contra a bárbara, inqualificável e criminosa invasão russa, mas significa também que o que está em jogo nesta guerra é a luta do mundo livre, democrático e amante da Liberdade contra o mundo das trevas que os senhores de Moscovo querem recuperar.
Esta clara posição dos EEUU poderá mesmo contribuir para um certo escalar do nível do conflito, mas nenhuma desistência e muito menos uma paz assente na tirania e na impunidade, pode substituir uma verdadeira conquista da democracia, assente no respeito pelo direito internacional e pela soberania dos povos.
A destruição já provocada e os milhares de vítimas mortais asseguram que, no futuro, nada será como já o foi, o que provocará uma profunda reflexão nas instâncias internacionais e nos seus comportamentos, e será refletido nas preocupações dos povos de cada uma das nações soberanas.
Portugal, limitado pelos escassos recursos que possui, tem afirmado uma posição positiva e construtiva, colocando-se bem ao lado dos seus parceiros europeus e das organizações que os representam.
Sobre essa posição não tem existido grandes dúvidas, nomeadamente quando é expressa pelo Sr. Presidente da República (PR), como ficou demonstrado, recentemente, com a atribuição da Ordem da Liberdade ao Presidente Zelensky.
O mesmo se pode afirmar do sentimento da grande maioria dos cidadãos portugueses e dos relatos e opiniões expressos pela comunicação social.
Apenas o PCP reagiu à decisão de Marcelo Rebelo de Sousa com esta ‘pérola’ comunicacional: «A decisão (…) é uma afronta aos democratas, porque Zelensky personifica um poder xenófobo, belicista e antidemocrático».
Dificilmente se poderia ser mais claro e ilustrativo sobre o que os comunistas portugueses pensam e querem, não apenas sobre a Ucrânia, mas também sobre a organização política em geral; falta agora perceber os que os portugueses ainda estão dispostos a tolerar, pelos meios democráticos, a este partido.
É nestes momentos que se deve recordar, para que nunca mais se repita, que este partido e esta ideologia, foram os suportes principais, durante muitos anos, dos governos de António Costa.
Pensar-se-á que pouco terão ganho com isso, o que só é verdade na expressão eleitoral, pois, como recentemente reconhecia Fátima Bonifácio, essa colaboração não foi em vão.
Os comunistas aproveitaram esse ciclo (como já tinham aproveitado o perdão do 25 de Novembro/75) para adquirirem posições no aparelho de estado, local e nacional, (nepotismo) que passaram despercebidas à maioria dos cidadãos, mas são um suporte essencial para a sua sobrevivência e as suas ações futuras.
E conseguiram igualmente penetrar no Partido Socialista, nomeadamente através de uma juventude de conteúdo ideológico não reformista (entrismo) condicionando as políticas e a agenda social e económica do partido.
Como consequência da guerra da Ucrânia e da manifesta fragilidade da economia e da sociedade, os próximos anos não serão, por isso, fáceis para os portugueses.
O Governo é dirigido por um cidadão a quem o PR já chamou «otimista irritante» (irresponsável?), ‘mata borrão’ (cultor do poder absoluto?) e agora acusa de apresentar um ‘melão’, cujo conteúdo se desconhece, em vez de uma verdadeira política de habitação.
Acrescente-se a isto o controlo humilhante do executivo que o PR, sistematicamente, pratica, sobre a aplicação efetiva do Plano de Recuperação e Resiliência.
Certos analistas imaginam e dizem que tudo acabará por se acertar: o PRR será gasto (?) até ao último cêntimo antes que chegue a data limite de 31 de dezembro de 2026 e o ‘melão’, quando for aberto, ver-se-á que pouco de válido e muito de inexequível contém, pelo que será rapidamente transformado ou esquecido.
Mas o mal estará feito, porque a aplicação do PRR até ao último cêntimo, se a Comissão Europeia não estiver vigilante, não é o objetivo principal, pois o que interessa, é a forma, os projetos, as atividades e a favor de quem esse dinheiro será aplicado.
A informação do primeiro-ministro de que a aplicação de um euro europeu criará o aumento de 5,5 euros no PIB nacional é apenas uma conversa para ‘embalar meninos’.
E o ‘melão’, ou seja o power point que foi apresentado, com pompa e circunstância, para resolver o problema da habitação no país, é uma mão cheia de nada que já teve o ‘mérito’ (recuperável quando?) de afetar a confiança, dos portugueses e dos investidores estrangeiros, na economia nacional.
Ora os tiques recentes do Governo já apelidados de ‘bolivarianos’, tem uma origem cultural e ideológica na experiência ‘geringôncica’ e demonstram que as maiorias absolutas não são ‘per se’ cenários bons, antes dependem da cultura de quem as domina.
A estabilidade política é um valor essencial para o progresso e harmonia das sociedades, mas há momentos em que se torna imperativo dizer ‘Basta’ e, nesses momentos, os freios constitucionais, que ainda existem, não podem ter a mais pequena hesitação.
Ao contrário do que se possa pensar um pequeno país próspero e estabilizado é também um contributo indispensável na ajuda que toda a Europa e o restante Mundo Ocidental tem de dar à dramática, mas justa, luta do povo ucraniano.