Bruxelas abre as portas a Costa

Afinal Costa pode mesmo rumar a Bruxelas. Primeiro-ministro e Marcelo olham para um calendário europeu antecipado como uma luz ao fundo do túnel. PSD já mudou os calendários na perspetiva de eleições.

Por Raquel Abecasis

Uma possível alteração no calendário europeu pode estar à vista já a partir do mês de julho. O mote para a possível necessidade de se tomarem decisões antecipadas sobre quem vai ocupar os principais lugares europeus em 2024, poderá vir da cimeira da NATO que se realiza em julho na capital da Lituania. É nessa data que Jens Stoltenberg, atual secretário-geral da NATO, fará saber as suas intenções sobre assumir ou não um novo mandato. Ao que apurou

O Nascer do SOL, Stoltenberg não quererá continuar à frente dos destinos daquela organização de defesa preferindo rumar à Noruega para assumir os destinos do Banco Central do país.

Confirmando-se a saída de Stoltenberg, Ursula von der Leyen deverá ser a senhora que se segue à frente dos destinos da NATO. Fonte conhecedora da política europeia garante que essa é a razão pela qual a presidente da Comissão Europeia se tem multiplicado em iniciativas nos últimos meses com posições «mais próximas das norte-americanas do que dos interesses Europeus».

A estas movimentações não estão alheios nem o Presidente da Republica, nem o primeiro-ministro. Apesar das ameaças feitas há um ano por Marcelo Rebelo de Sousa, dizendo que dissolveria o Parlamento se António Costa fosse para Bruxelas, a verdade é que o deteriorar da situação política em Portugal torna cada vez mais claro que esta legislatura não vai chegar ao fim. As fontes contactadas pelo Nascer do SOL em Bruxelas garantem que o primeiro-ministro português mantém contactos e iniciativas com vista a posicionar-se para o lugar que vier a ser destinado aos socialistas europeus. De acordo com as ultimas sondagens conhecidas, esse lugar deverá ser a presidencia do Conselho Europeu já que a Comissão Europeia deverá manter-se nas mãos do PPE.

Ao que o SOL apurou, uma saída antecipada (já em outubro) de von der Leyen não antecipa as eleições europeias, mas antecipa as decisões. A saída da presidente da Comissão faz cair todo o Executivo e os membros escolhidos devem sê-lo já na perspetiva de continuidade depois das eleições.

O novo cenário é visto com bons olhos em Belém e em São Bento. Marcelo fica mais confortável para antecipar eleições sabendo que António Costa tem um lugar à espera em Bruxelas que ainda por cima dignifica o país. Costa, que ao que apurou o nosso jornal, tem hipóteses reais de conquistar o lugar no Conselho por ser muito bem visto entre os seus pares, entre outras coisas por «ser o homem que consegue fazer pontes», liberta-se das dores de cabeça de um Governo «cansado e requentado» e cumpre o sonho de uma carreira internacional.

São cenários para confirmar já no próximo mês de julho na cimeira da Nato em Vilnius.

 

PSD acelera a máquina

O vendaval que tem atravessado a política nacional desde que começaram as audições na comissão de inquérito à TAP está a levar o quartel general dos partidos a preparar a máquina para um cenário de eleições legislativas antecipadas. A dúvida agora para muitos é se, como o Presidente da Republica gostaria, as eleições se realizam depois das Europeias, ou se a fragilidade em que o Governo se encontra obrigará a uma alteração dos planos.

Depois dos contactos informais feitos por Marcelo Rebelo de Sousa, de que o Nascer do SOL deu conta na semana passada, as novas revelações feitas em sede de comissão de inquéritro vieram reforçar ainda mais o «cheiro a eleições antecipadas que paira no ar».

«O Presidente meteu uma data na cabeça, 2024, e não quer admitir que as coisas se possam precipitar já em 2023», ouviu esta semana o Nascer do SOL da boca de um responsável do PSD.

Seja quando for, uma coisa é certa, os sociais-democratas já aceleraram a máquina para o cenário de eleições antecipadas dando assim consistência às afirmações públicas de Montenegro esta semana em resposta às dúvidas presidenciais: «O PSD está pronto a qualquer momento para ser alternativa».

Ao que o SOL apurou várias decisões foram tomadas nos últimos dias na São Caetano à Lapa. A primeira tem a ver com uma alteração estratégica no ritmo e no mapa da iniciativa Sentir Portugal. Luís Montenegro vai cumprir a promessa de dedicar uma semana por mês a cada distrito do país, mas a prioridade agora é aos grandes centros urbanos. E as mudanças começam já. Lisboa é o distrito escolhido para Sentir Portugal na próxima semana e o programa inclui um encontro na terça-feira com o Presidente da Republica. A ideia é que o Presidente comece a sentir que tem ali uma alternativa, até porque o programa vai permitir ao líder do PSD estar próximo do evoluir da situação e poder pronunciar-se ao minuto sobre o evoluir dos acontecimentos políticos.

A apresentação de um «programa altamente diferenciador» na área da Saúde é outra aposta que o PSD está a preparar numa estratégia, dizem-nos, de mostrar ao país que o PSD está pronto para governar num cenário de crise política.