Por Daniela Soares Ferreira e Sónia Peres Pinto
A contagem decrescente para terminar o prazo para a apresentação das propostas do prolongamento da linha vermelha do metro de Lisboa – entre São Sebastião e Alcântara – termina já no próximo dia 7 de julho. Lançado no início do ano, o projeto deverá estar concluído no final do primeiro semestre de 2026. Ao Nascer do SOL, a empresa diz que a expectativa é que «todos os procedimentos processuais necessários e legalmente definidos sejam concretizados dentro do cronograma previsto», uma vez que «as condicionantes e as medidas de minimização apresentadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) não colocam em causa o traçado oportunamente submetido a procedimento de avaliação de impacte Ambiental e publicamente divulgado, pelo que o Metropolitano de Lisboa dará continuidade ao investimento».
O investimento encontra-se previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e conta com um investimento europeu de 304 milhões de euros. O montante global deste projeto é de 405,4 milhões de euros, dos quais 101,4 milhões de euros provêm do Orçamento de Estado.
Também a contar com a verba do PRR está o projeto para o metro de superfície em Odivelas e Loures que pretende fazer uma ligação mais rápida e estruturante entre os importantes polos dos dois municípios, estendendo-se num corredor em «C», ligando o Hospital Beatriz Ângelo ao Infantado, com transbordo e interface para Lisboa na estação de metro de Odivelas. Com um total de 19 estações e cerca de 13 quilómetros de extensão, a linha Violeta servirá o concelho de Loures com 11 estações (nas freguesias de Loures, Santo António dos Cavaleiros e Frielas) e o de Odivelas com oito (nas freguesias de Póvoa de Sto. Adrião e Olival de Basto, Odivelas, Ramada e Caneças). «Estima-se que, num ano, a operação da linha Violeta permita o transporte de cerca de 10 milhões de passageiros e evite a emissão de mais de 4 mil toneladas de dióxido de carbono», disse Duarte Cordeiro.
Um problema chamado falta de motoristas
O caos nos transportes está instalado. Não é de hoje, mas a situação tem vindo a piorar. A falta de motoristas é a principal causa. As transportadoras da Carris Metropolitana já tinham admitido não estar a cumprir a oferta prevista de autocarros, mas assegurou que têm estado a recrutar novos motoristas com o objetivo de realizar os serviços contratados.
À Lusa, a empresa chegou a explicar que «os operadores que prestam o serviço à Carris Metropolitana têm estado a recrutar e a colocar em operação as pessoas necessárias para assegurar a operação contratada», mas que «neste momento [março deste ano], ainda não alcançámos os 100% para fazer face às necessidades geradas pelo aumento de oferta e de serviço trazido pela Carris Metropolitana».
O Governo garantiu estar atento à situação e assegurou que está disponível para contratar todos os motoristas que estejam disponíveis com o objetivo de atenuar os constrangimentos nas linhas Verde e Amarela do Metropolitano de Lisboa.
Quem o prometeu foi o ministro do Ambiente e da Ação Climática. «Não é por falta de recursos financeiros que nós não temos mais alternativas. Neste momento não está a ser fácil encontrar autocarros disponíveis para reforçar estas linhas que precisam de reforço de mobilidade e motoristas disponíveis. Nós estamos disponíveis para contratar tudo o que esteja disponível», disse Duarte Cordeiro.
É preciso ter em conta que os constrangimentos tanto na linha verde como na amarela já começaram a 15 de abril, depois de ter sido interrompida a circulação nos troços entre Telheiras e Campo Grande (linha Verde) e Campo Grande e Cidade Universitária (Amarela) em 2 de maio. E a empresa só prevê que esta situação esteja normalizada lá para inícios de julho.
As críticas surgem de todos os lados, mas Duarte Cordeiro tentou tranquilizar os demais. «É impossível não gerar transtorno a obra do Metropolitano de Lisboa porque nós estamos a falar da sobreposição de duas linhas. Quando nós sobrepomos a linha Verde com a linha Amarela automaticamente temos de interromper uma parte da linha Verde e uma parte da linha Amarela para poder fazer essa sobreposição», disse, prometendo que «tudo será feito para que esta obra seja rápida».
As críticas ao «caos da mobilidade» foram feitas também ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, por parte do Bloco de Esquerda.
Através de um comunicado divulgado no final da reunião de Câmara, a vereação do Bloco mostrou-se «profundamente preocupada» não só com os transportes públicos da cidade mas também com o trânsito, e lembrou que foi aprovada há uma semana uma proposta do partido de criação de um plano de contingência para os constrangimentos na mobilidade causados pelas grandes obras, não tendo a autarquia ainda realizado «nenhuma ação efetiva».
«O Bloco de Esquerda exigiu ao presidente, Carlos Moedas, para deixar de lado a política e convocar uma reunião ainda esta semana com todos os vereadores e vereadoras, Metropolitano e Carris para encontrar soluções de emergência», lê-se no comunicado.
Reforço mas pouco
A autarquia tem vindo a reforçar algumas carreiras na zona do Campo Grande com vista «a minimizar o impacto negativo das interrupções na circulação do metro».
A autarquia diz também que devido à modernização da linha de Cascais da Comboios de Portugal (CP) as ligações entre Cais do Sodré – Algés serão interrompidas em alguns horários, havendo um transbordo rodoviário, que teve início na terça-feira, com os autocarros ao serviço da CP identificados e paragens da Carris no Cais do Sodré, Santos, Alcântara-Mar, Belém e Algés.
Mas apesar destes constrangimentos, o vice-presidente da Câmara de Lisboa garantiu esta semana que estes ‘problemas’ nos transportes públicos resultam sobretudo devido à «teimosia» do PS com a linha circular do Metropolitano. «Estamos a viver constrangimentos muito grandes na cidade [na área da mobilidade], que não podemos deixar de ter presentes e que têm em grande medida a ver, em termos principais, com as obras no metro, quer na linha Amarela, quer na linha Verde, e que tem a ver sobretudo com o plano de implementação da linha circular», revelou Filipe Anacoreta Correia.