O presidente da Assembleia da República considera que o Ministério Público deve um esclarecimento ao país sobre as buscas à casa de Rui Rio e a instalações do PSD.
"Em primeiro lugar, respeito escrupuloso pelas decisões e pelo trabalho da justiça. Evidentemente que o Ministério Público é uma magistratura hierarquizada e tem também o dever, não só o direito, mas também o dever de esclarecer publicamente os cidadãos sobre aspetos que possam causar alarme ou que sejam de suficiente importância pública para que esse esclarecimento seja devido. E, portanto, nós também aguardamos esse esclarecimento do Ministério Público", disse Santos Silva aos jornalistas, à margem de uma visita à Universidade das Nações Unidas – UNU-EGOV, em Guimarães.
Para o presidente da Assembleia da República, foi cometido um crime transmitido em direto pelas televisões.
"No sentido em que, como toda a gente pôde ver, realizaram-se buscas domiciliárias que foram televisionadas em direto e, portanto, houve uma violação manifesta do segredo de justiça. E também busca a uma sede de um partido durante dezanove horas para realizar buscas a propósito de uma questão, cuja factualidade parece evidente, merecem esse esclarecimento público", sublinhou.
“Creio, que um esclarecimento público da parte do Ministério Público seria bem-vindo. Porque, manifestamente, além do crime que foi praticado em direto, a violação do segredo de justiça, toda a gente o pôde ver, também os meios usados e os objetivos e as diligências praticadas foram de tal envergadura, que os princípios da necessidade e os princípios da proporcionalidade vêm à mente de qualquer um. Mas esperemos", acrescentou Santos Silva.
Recorde-se que, na quarta-feira passada, cerca de 100 inspetores e peritos informáticos da Polícia Judiciária realizaram duas dezenas de buscas, incluindo à casa do ex-presidente do PSD Rui Rio, no âmbito de uma investigação sobre suspeitas de crimes de peculato e de abuso de poder.
Em causa está a alegada utilização indevida de verbas destinadas aos gabinetes dos grupos parlamentares que estariam a ser usadas em despesas partidárias fora da AR.