Um embuste chamado Albuquerque

A coligação Mais Madeira, que integra o PSD e o CDS, venceu as eleições regionais e, apesar de ter perdido a maioria absoluta, tem mais do que o direito, a obrigação, de governar.

Mas quem não é digno de fazer parte dessa governação, principalmente de a dirigir, é Miguel Albuquerque!

O ainda chefe do governo regional jurou a pés juntos, durante a campanha eleitoral, que se os madeirenses não lhe concedessem a maioria absoluta, se demitiria e se recusaria a integrar o próximo executivo.

Não foi um deslize de linguagem praticado no calor de um qualquer comício, mas sim uma promessa, repetida inúmeras vezes, perante o seu eleitorado.

Os madeirenses ouviram-no com atenção e, perante o ultimato que lhes entrou pelos ouvidos, decidiram conceder à coligação a vitória nas eleições, mas a Albuquerque exibiram-lhe um cartão vermelho directo!

Albuquerque, quando, sorridente, como se a vida lhe estivesse a correr de feição, mas arrogante, como é seu hábito, se apresentou em frente às câmaras de televisão após a confirmação dos resultados, deu o dito por não dito e, procurando tomar-nos a todos por parvos, quis esclarecer que o que tinha prometido é que somente aceitaria chefiar um governo, desde que este tivesse uma maioria parlamentar.

Hilariante, esta esfarrapada desculpa!

É óbvio que nenhum governo assume funções se não tiver uma maioria parlamentar, e por uma razão muito simples, o seu programa, para ser aprovado, tem que ter mais votos favoráveis do que negativos por parte dos deputados.

E Albuquerque, quando recorreu à chantagem para tentar convencer os madeirenses a nele votarem, foi bem claro, ao especificar que o que exigia era uma maioria absoluta para a sua coligação, argumentado não estar disponível para dirigir um governo através de entendimentos parlamentares.

Agora, ao invés de assumir as suas responsabilidades, aceitando democraticamente a vontade do eleitorado, predispõe-se a chefiar um governo minoritário, exactamente o contrário do que prometeu, estabelecendo acordos de incidência parlamentar com uma deputada de um partido cujas causas estão nos antípodas das que são defendidas pelos madeirenses que nele votaram.

Albuquerque, com este seu miserável comportamento, revelou-se um autêntico embuste, provando não ser em nada diferente de Costa.

Ambos venderam a alma ao diabo apenas para satisfazerem os seus caprichos pessoais, ambos traíram o eleitorado que neles confiou e ambos actuam no palco da política sem escrúpulos, sem integridade, sem valores e sem sentido de Estado.

Somente lhes interessa o poder pelo poder, procurando mantê-lo a todo o custo,  mesmo que para isso se tenham que aliar aos que foram até então seus inimigos.

Não admira, pois, que os portugueses tenham há muito deixado de acreditar nos seus políticos e, como protesto, metade dos eleitores insistam em não perder o seu tempo numa qualquer mesa de voto. 

Mas em todo este folhetim terceiro-mundista, o que mais se ressalva de negativo é assistir à completa implosão do CDS, um partido outrora respeitável e confiável, mas que hoje, tentando desesperadamente sobreviver face aos erros de um passado próximo, embarca nesta loucura de um pretenso parceiro, aceitando, sem rodeios, a mão de quem esteve sempre do outro lado da barricada.

As principais causas do PAN, as que lhe garantem o apoio de meia-dúzia de lunáticos, que acreditam não haver diferenças significativas entre a raça humana e o mundo animal, são precisamente as opostas às pelas quais o velho CDS sempre se bateu: a defesa da ruralidade, garantindo a preservação das tradições, costumes  e modo de vida da população rural.

Ao CDS, sobra a réstia de esperança de que  venha ainda a tomar consciência do abismo para o qual se encaminha em velocidade acelerada e faça inversão de marcha.

Se assim não for, paz à sua alma!

Post Scriptum

Há cerca de uma semana, um restrito número de pessoas protestou durante o lançamento de um livro apologista da ideologia do género, limitando-se a entoar palavras de ordem, com recurso a um megafone, sem se deixar cair na tentação de enveredar por qualquer tipo de violência, física ou verbal.

De imediato, um coro de indignados fez-se ouvir nos costumeiros palanques dos pseudo-donos da verdade, gritando que a democracia está em perigo por via das acções deste tipo.

Segundo consta, a autora da obra pondera apresentar queixa-crime contra quem se envolveu naquele protesto.

Esta semana, uma turba de miúdos agrediu o ministro do ambiente com tinta na cara, insultando todos quantos se encontravam no mesmo espaço onde o governante discursava, não se tendo ouvido praticamente uma única voz de repulsa pelo sucedido.

Bem pelo contrário, o próprio ministro, apesar de condenar o acto, desculpou-os, com o argumento de que são jovens preocupados com as alterações climáticas.

Apesar de se ter estado perante um crime público, nenhum procedimento criminal foi interposto contra aqueles delinquentes.

Dois pesos e duas medidas. É assim que a sociedade actual se verga perante o fanatismo ideológico da extrema-esquerda que, para atingir os seus verdadeiros objectivos, se escuda por detrás de causas que, apesar de demagógicas, conseguem reunir a simpatia de um alarga franja de uma população adormecida na ignorância!