O ministro das Finanças reconheceu, esta quarta-feira, que o alargamento da União Europeia a leste é um desafio para Portugal, sobretudo por potenciais alterações nas verbas dos fundos de coesão.
As declarações de Fernando Medina foram feitas no congresso anual da Ordem dos Economistas, intitulado “Portugal e os desafios do presente: o papel dos economistas e gestores”, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Na sua intervenção, alertou também para o facto de a atual incerteza geopolítica, agravada pelo conflito entre Israel e o Hamas, condicionar os desenvolvimentos económicos e decisões políticas do próximo ano.
“Temos que começar a preparar o que será o futuro do país num contexto pós-alargamento da União Europeia (UE)”, afirmou o governante, defendendo a importância da criação do fundo para o investimento estruturante pós-2026, anunciado durante a apresentação do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024).
Para Medina, este “constitui um dos principais desafios sobre o qual o país não tem refletido de forma suficiente e aprofundada” perante um “processo de alargamento que, a concretizar-se mais curto do que aquilo que foram outros processos de alargamento, irá mudar de forma muito significativa o mapa da União Europeia”.
“O impacto direto estimado do alargamento fará com que imediatamente Portugal altere a sua posição dentro do leque dos países, nomeadamente aqueles que beneficiam significativamente de fundos da política de coesão”, salientou.
O ministro mostrou-se ainda preocupado com a situação no Médio Oriente e com o impacto que a “elevada incerteza geopolítica” tem para Portugal, não só a nível, obviamente, humanitário, mas também económico.
“A única certeza ao dia de hoje é que não sabemos se o caminho será de contenção do conflito ou, pelo contrário, o seu alastramento à região”, afirmou, sublinhando que a atual situação torna “absolutamente inútil” todo o enquadramento económico que traçou.