Face ao aumento de custos, poupar é difícil

No Dia Mundial da Poupança, o Nascer do Sol fez uma pesquisa dos vários produtos em que pode aplicar o seu dinheiro. Uma tarefa que nem sempre é fácil.

De acordo com a Deco,  os portugueses têm poucas razões para celebrar, uma vez que  a taxa de poupança é de apenas 5,7%, muito abaixo da média da zona euro (14,8%).  E explica a razão: “Os baixos rendimentos, a elevada iliteracia, a subida dos preços e das prestações são muitas das razões apontadas, mas também os fracos incentivos  à poupança”, salienta.  É certo que há sempre pequenos passos que pode dar no seu dia-a-dia e que podem fazer diferença no final do mês. A sua carteira agradece e com isso  as suas poupanças podem engordar. 

Depósitos a prazo

A sua simplicidade é uma das vantagens e aliado a isso há que contar com a subida da remuneração oferecida por este produto de poupança. A taxa de juro dos novos depósitos a prazo mantém a tendência de subida, confirmam os dados mais recentes do Banco de Portugal. A remuneração média aumentou para 1,81%, o valor mais alto dos últimos nove anos. Ainda assim, Portugal continua a ter uma taxa muito abaixo da média dos países da zona euro, que foi de 3,03%, em agosto. “Atrás de nós, só mesmo Chipre, Croácia, Eslovénia e Grécia. No polo oposto estão Bélgica, Estónia e França, que apresentam as remunerações mais elevadas, próximas dos 4%”, revela a Deco.  

A associação diz ainda que “se compararmos a taxa de inflação, estimada pelo Banco de Portugal, para este ano (5,4%), com as taxas de juro atualmente praticadas no mercado, constatamos que o rendimento real proporcionado é negativo. Neste momento, a melhor taxa do mercado, disponibilizada somente por quatro bancos, é de 4% brutos, ou seja, 2,9% líquidos. Portanto, abaixo da inflação também prevista para 2024 (3,6%)”. 

É certo que o capital está garantido e a liquidez é imediata. E se não existe nenhuma aplicação financeira que esteja 100% isenta de risco, também é verdade que há aplicações que comportam um risco maior do que outras. Se analisarmos a escala de risco dos vários produtos financeiros disponíveis para os aforradores e investidores, os depósitos estão entre as aplicações mais seguras e, no pior cenário e se o banco falir, os clientes podem recorrer ao Fundo de Garantia de Depósitos até 100 mil euros por banco e por titular.

Certificados de Aforro e CTPC

Até há pouco tempo, os Certificados de Aforro foram os campeões na atração das poupanças, mas em junho o Governo mudou as regras e suspendeu a série E e iniciou a comercialização da série F, que oferece uma taxa de juro base bruta de 2,5% – mais baixa que a da série anterior, que era de 3,5% – e com um prazo máximo de 15 anos. Os juros capitalizam trimestralmente a uma taxa base calculada todos os meses com base na Euribor a 3 meses e está limitada entre 0% e 2,5% bruta. Há ainda um prémio de permanência que acresce à taxa base: 0,25% do segundo ao quinto ano; 0,50% do sexto ao nono ano, 1% no décimo e 11.º ano, 1,5% no 12.º e 13.º ano, e 1,75% no 14.º e 15.º ano.

Neste universo, os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC) – que vieram substituir os Certificados do Tesouro Poupança Mais – são o produto que mais interesse tem despertado e têm um prazo máximo de 7 anos. Os juros são pagos anualmente a uma taxa de base crescente, entre 0,75% e 2,25% brutas; mas a partir do segundo ano, ao valor da taxa base, acresce um prémio corresponde a 40% do crescimento médio real do PIB. O prémio apenas tem lugar no caso do crescimento do PIB ser positivo e fica limitado a um máximo de 1,2% em cada ano (ou seja, PIB de 3%). A série atualmente em subscrição denomina-se Certificados do Tesouro Poupança Valor.

Obrigações do Tesouro

Até há bem pouco tempo, adquirir Obrigações do Tesouro (OT) era um bom negócio, já que era uma das formas mais rentáveis de aplicar as poupanças de médio ou longo prazo com capital garantido. Mas se, em 2016, as OT ganharam uma nova vida quando o Estado lançou as Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), o produto foi perdendo atratividade e, com isso, aumentou a tendência de desinvestimento que as famílias portuguesas tinham vindo a traçar em títulos de dívida. A par disso, não tem havido emissões. Quanto ao risco, é semelhante ao dos certificados, ou seja, só há risco de perder capital se o Estado entrar em incumprimento.

Plano Poupança Reforma

A principal vantagem dos PPR era o benefício fiscal que proporcionavam, pois permitiam deduzir 20% das entregas anuais efetuadas até 300, 350 ou 400 euros, consoante a idade do subscritor. Mas as regras mudaram: os limites são em função da idade (400 euros até aos 35 anos, 350 euros entre os 35 e os 50 anos ou 300 euros para quem tenha mais de 50 anos), conjugados com os limites das deduções totais à coleta. A maioria dos PPR têm capital garantido, por isso, o perfil de risco é moderado. A possibilidade de resgatar este produto mais cedo do que estava previsto está a torná-lo menos apetecível. “Nos períodos de crise mais recentes, como a intervenção da Troika, pandemia da covid-19, ou a crise gerada pela inflação, foram alargadas as possibilidades de resgate sem penalização. Recentemente, o Governo acrescentou três novas exceções que permitem, até ao final do ano, o resgate sem penalização, uma das quais é a amortização do crédito à habitação até ao limite de 5765 euros. No imediato, permite às famílias enfrentar dificuldades financeiras, mas, no longo prazo, hipoteca a reforma. O mealheiro que lhe era destinado fica vazio”, alerta a Deco.

Bolsa

O investimento direto na bolsa ainda assusta muitos portugueses. Pode representar um negócio rentável, mas o risco é sempre mais elevado em relação aos outros produtos de investimento. O investidor pode fazer a compra individualmente, quando escolhe diretamente as ações que deseja, ou através de fundos de ações, ao adquirir unidades de participação de um destes instrumentos. Os especialistas aconselham os interessados a fazer este investimento a prazo (pelo menos, a cinco anos), para ultrapassarem as flutuações do mercado. 

Qual a melhor solução para aplicar o seu dinheiro? O melhor é ir investindo de forma periódica e regular. A tendência dos mercados financeiros é para valorizarem a longo prazo. O investimento periódico e regular permite ainda expurgar os efeitos da emoção no investimento. Não vale a pena tentarmos adivinhar o melhor momento para investir. 

Não se esqueça, no entanto, de que em momentos de maior incerteza devemos evitar o investimento num determinado ativo. O foco deverá passar por uma estratégia diversificada, apostando em vários ativos e, eventualmente, em classes de ativos distintos.

Não se esqueça da regra de “dividir para reinar”: ao escolher títulos de diferentes países e setores, consegue reduzir as flutuações do investimento. 

Tenha em conta o intermediário financeiro: uma opção acertada pode significar uma poupança de muitos euros, pois a eleição do melhor intermediário financeiro depende do seu perfil de investidor.

Ouro

O ouro continua a ser visto como um bom investimento de refúgio no caso de uma grave crise mundial e de colapso do sistema financeiro. No entanto, esta vantagem só se aplica ao metal em termos físicos, já que, no que toca ao investimento em produtos financeiros associados ao ouro (fundos, ETF, entre outros), é preciso ter em conta que a cotação desta matéria-prima é extremamente difícil de prever.

Há ainda outras desvantagens que estão associadas ao seu potencial de valorização e à especulação no mercado. E, ao contrário do que possa pensar, quando decidir vender as barras, nada garante que ganhe dinheiro. Se considerarmos as comissões e as margens praticadas pelos bancos, a perda será ainda mais agravada. É muito provável que, mesmo num período de subida da cotação internacional do ouro, não consiga um melhor preço pelas barras, dado o diferencial que existe entre o valor da venda e o da compra.

Mas, independentemente da forma escolhida para investir no metal precioso – desde tê-lo nas mãos, comprando moedas e barras ou investindo em produtos financeiros com exposição ao ouro –, o investidor deve ter sempre em consideração o horizonte temporal, que deve ser encarado numa perspetiva de longo prazo, e as perdas potenciais do investimento, já que, nos últimos tempos, o ouro tem vindo a perder o seu brilho.

Fundo de emergência

O primeiro passo é eliminar os gastos excessivos. Não há nenhuma fórmula mágica para ter as contas equilibradas e conseguir poupar. Ou ganha mais ou gasta menos. Como, nas finanças pessoais, nem sempre é fácil aumentar os rendimentos, há que controlar os custos. Depois de fazer o mapa de receitas e despesas, deve procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou eliminados sem que isso afete o seu bem-estar. Veja quanto pesam no seu orçamento. Pode estar aí a resposta para o facto de não poupar ou poupar pouco.

O ideal é anotar todas as dívidas (quanto falta pagar, prestação, prazo e juros) e defina as que quer eliminar. Deve começar pelas dívidas com os juros mais altos. Se a curto prazo não vê qualquer possibilidade de eliminar ou reduzir dívidas, a sua capacidade de desendividamento é baixa. Aproveite os rendimentos extra para reduzir o peso das dívidas. Mas para avaliar a sua condição financeira é indispensável que saiba se está prevenido contra imprevistos. Seja o desemprego, seja uma baixa ou outra situação de emergência, há imprevistos que podem representar um descontrolo total no orçamento. Faça a pergunta: se deixasse hoje de trabalhar, por exemplo, por ficar desempregado, quantos meses conseguiria sobreviver mantendo o mesmo nível de despesas? O ideal é ter um fundo de emergência (em ativos líquidos) que lhe permita viver pelo menos seis meses com o mesmo nível de despesas – ou seja, se tem 500 euros de despesas mensais, deverá ter um fundo de emergência de três mil euros.