PSD quer esclarecer venda da Efacec

“O ministro da Economia disse que hoje era um dia feliz. Não sei para quem é que é um dia feliz, mas para os contribuintes portugueses, seguramente, não é um dia feliz”, diz Joaquim Miranda Sarmento. 

O PSD vai requerer a presença urgente do ministro da Economia no parlamento para prestar esclarecimentos sobre a venda da Efacec ao fundo alemão Mutares, assinada esta terça-feira. 

“O PSD vai chamar ao parlamento o ministro da Economia com a urgência possível, estando o parlamento em trabalhos orçamentais, mas com a urgência possível. E não deixaremos também de questionar o primeiro-ministro quando houver essa oportunidade”, afirmou o líder parlamentar social-democrata. “O ministro da Economia disse que hoje era um dia feliz. Não sei para quem é que é um dia feliz, mas para os contribuintes portugueses, seguramente, não é um dia feliz”, acrescentou Joaquim Miranda Sarmento. 

À agência Lusa, Miranda Sarmento criticou o investimento total do Estado de “cerca de 400 milhões de euros” na empresa desde a sua nacionalização em 2020 – aludindo aos 200 milhões de euros  já gastos em suprimentos, além de uma injeção de mais 160 milhões de euros e outros 35 milhões em obrigações através do Banco de Fomento.

O responsável do PSD argumentou que “o Governo não disse toda a verdade” sobre este processo, uma vez que a operação de venda ao fundo alemão com as condições anunciadas demonstra que “a empresa tinha problemas graves” e que a justificação do Governo para a nacionalização com os problemas de ‘compliance’ e da acionista Isabel dos Santos não explicam os encargos desta dimensão para o Estado.

Horas antes, em conferência de imprensa no Ministério da Economia, António Costa Silva disse que esta terça-feira foi assinada a venda da Efacec à Mutares e que este fundo injetará 15 milhões de euros em capital e 60 milhões de euros em garantias, descrevendo a conclusão da operação de venda como “um dia feliz para a economia portuguesa”.

Por seu lado, a Iniciativa Liberal (IL)  acusou o Governo de ter enterrado 400 milhões de euros na Efacec, valor que supera a verba do Orçamento do Estado para 2024 para toda a economia durante um ano. 

“Entre injeção direta, suprimentos e obrigações, sabe-se agora que o Governo de António Costa enterrou 400 milhões de euros dos contribuintes na Efacec”, disse o líder da IL, considerando tratar-se de “mais um enorme sorvedouro” do dinheiro dos contribuintes “apadrinhado pelos socialistas”.

“Se considerarmos os 180 milhões de euros para capitalização e outros programas avulsos, podemos chegar, com boa vontade, a 300 milhões canalizados para as empresas no Orçamento do Estado para 2024. António Costa pôs mais 100 milhões numa única empresa do que prevê no Orçamento do Estado para toda a economia durante um ano”, escreveu Rui Rocha na rede social X, lamentando que o ministro da Economia tenha considerado que hoje “é um dia feliz”.

A Mutares prevê que a Efacec atinja o equilíbrio em cinco anos (‘breakeven’) e tem a obrigação de se manter na empresa pelo menos durante três anos (sem vender). A Efacec tem cerca de 2.000 trabalhadores.