O grupo de membros que apresentou alterações aos atuais estatutos da Iniciativa Liberal – e no qual se incluem o primeiro presidente do partido, Miguel Ferreira da Silva, que abandonou agora as funções de conselheiro nacional, Tiago Mayan, José Cardoso e Hugo Condessa –vai ser obrigado a recolher novamente 150 assinaturas. Em causa está o facto de a mesa da convenção da Assembleia-Geral, que é a mesma do Conselho Nacional, ter pedido para alterar a forma como foram pedidas as assinaturas e que não caiu bem aos militantes do partido.
«Para subscrever uma proposta de alteração são precisas 150 assinaturas e foi o que fizemos. Agora, a mesa veio dizer-nos que não iriam aceitar essas subscrições porque são para todas as alterações, sejam globais, seja um parágrafo», revelou ao Nascer do SOL, José Cardoso. «É uma vergonha estarem a fazer isto. É uma questão burocrática e inútil, mas ainda não percebemos se é só para nos fazerem a vida difícil ou para tentar impedir que as nossas propostas sejam debatidas» na próxima convenção, a realizar nos dias 1, 2 e 3 de dezembro, no Europarque. Ainda assim, aquele grupo de militantes mostra-se otimista e acredita que esta decisão «não vai impedir nem uma coisa nem outra», estando agora a correr contra o tempo. «Vamos ter de recolher de novo 150 assinaturas em 15 dias». Mas reconhecem que «um partido novo não devia ter estas coisas».
José Cardoso estranha esta decisão, daí ter interpelado a mesa duas vezes, questionando os seus membros sobre «se tinham a certeza que queriam manter esta posição»: «E até lhes referi que isso só iria granjear mais adeptos para a nossa proposta, porque a indignação das pessoas naturalmente seria óbvia».
Perante o prazo apertado, o grupo optou por não esperar por uma resposta do conselho de jurisdição: «O tempo passa e não podemos esperar mais, mas esta decisão da mesa não apresenta nem a liberdade, nem liberalismo, nem democracia. O nosso texto é claríssimo e, ainda por cima, pusemos entre parênteses quais eram as alterações, não queríamos que as pessoas que subscrevessem e se sentissem enganadas. O nosso objetivo é tentar debater os factos que lá estão».
Tal como o nosso jornal já avançou, este grupo defendeu que a proposta apresentada «é baseada em seis princípios liberais, descritos no manifesto inicial, convertidos depois em 22 propostas concretas de alteração dos estatutos e foi subscrita por 211 membros». «No último mês estas 22 propostas foram apresentadas aos membros para debate, tendo incluído os contributos recebidos, no respeito pelos princípios do projeto», referiu um dos representantes. E adiantou que a proposta defende que «a Iniciativa Liberal tem que ser para dentro o que defende para fora: centrado no indivíduo (membro), descentralizado, plural, transparente e democrático».
Acrescentou ainda que está contra a proposta avançada pelo grupo de trabalho estatutário. que assenta numa «proposta centralista, concentrando o poder na Comissão Executiva, ao arrepio dos princípios democráticos da separação de poderes e dos pesos e contrapesos».
Emails em massa
Também polémico foi o facto de o núcleo territorial de Sintra do partido, com o apoio da secretaria-geral, ter enviado um email, no dia 31 de outubro, a todos os membros da Iniciativa Liberal convocando-os para um encontro. O alvo da comunicação eram os membros de Sintra, mas todos os liberais foram convocados, incluindo simpatizantes ou apoiantes do partido. O Nascer do SOL sabe que foram contactadas pessoas que deram o nome para a contagem de votos numa qualquer eleição do partido ou pessoas que foram apenas a um jantar de apoio. Os emails apareceram com o domínio profissional, quando os membros apenas tinham dado os seus dados pessoais. Contactada pelo Nascer do SOL, a Iniciativa Liberal diz que tem «guardado no seu sistema outros endereços de correio eletrónico que não são de membros, como os de contactos institucionais para o seu trabalho diário, de subscritores da sua newsletter semanal e de voluntários que se ofereceram para participar em atividades em diferentes áreas (eventos, campanhas, mesas eleitorais)», acrescentando que «todos os endereços de email foram fornecidos diretamente pelos próprios».
Fonte oficial do partido diz ainda que «essa informação é usada para os fins com que o contacto foi voluntariamente fornecido à IL»: «Por exemplo, serve para os subscritores da newsletter que não são membros receberem a referida newsletter e os voluntários poderem ser contactados quando há um evento específico para o qual manifestaram interesse em estar informados e participar. O armazenamento destes dados segue as regras gerais que regulamentam a proteção de dados, dentro da legalidade e da normalidade». E referiu também que «o que se passou no dia 31 foi uma falha humana a que se juntou a uma falha do sistema que não era conhecida e que fez com que um email que devia ter seguido apenas para um conjunto de endereços restrito seguisse para um universo superior de contactos». E garantiu que «o problema foi de pronto identificado, analisado e corrigido».
sonia.pinto@nascerdosol.pt