Partidos reagem à demissão do primeiro-ministro

Maioria dos partidos defende que solução tem de passar pela dissolução da Assembleia da República e pela convocação de eleições.

Luís Montenegro (PSD): partido  pronto para conquistar “uma maioria absoluta”

O PSD defende eleições antecipadas e garante estar pronto para conquistar “uma maioria absoluta” na sequência da demissão do primeiro-ministro. 

O presidente do último dos partidos com assento parlamentar a reagir à demissão de António Costa afirmou ser urgente “que se devolva a palavra ao povo”, uma vez que as investigações que visam o primeiro-ministro, agora demissionário, e vários elementos do Governo afetaram a credibilidade do País, cuja recuperação “só é viável com eleições antecipadas”.

Segundo Luís Montenegro, os social-democratas nunca tiveram “pressa, mas agora a degradação do Governo impõe que não se perca mais tempo e se devolva a palavra ao povo”, acrescentando que “os portugueses sabem que há uma alternativa séria e ambiciosa”. 

O líder social-democrata, para quem a “legitimidade do PS ruiu”, lembrou que “é a segunda vez em 22 anos que as mesmas pessoas, as mesmas políticas, trazem um pântano à democracia portuguesa” e sublinhou que “o Governo caiu e caiu por dentro”. 

O presidente do PSD apelou ao Presidente da República que convoque eleições antecipadas afirmando que “não podemos esperar mais tempo”.

Mariana Mortágua (BE): Bloco de Esquerda prefere “eleições antecipadas”

A líder do Bloco de Esquerda afirma que o partido tem “preferência por eleições antecipadas” na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro e que foi aceite pelo Presidente da República. 

“O que iremos comunicar ao Presidente da República é a preferência para convocação de eleições antecipadas. Em democracia, crises políticas desta natureza resolvem-se com a convocação de eleições”, avançou esta terça-feira Mariana Mortágua.

A líder bloquista argumentou que “o país não deve “permanecer em crise política mais tempo do que o estritamente necessário” e apesar de haver “muitos temas e dossiers para os quais temos de ter soluções para o país, a começar pelo SNS” há uma “crise política que não podemos ignorar”.

Questionada sobre uma possível data para essas eleições, Mariana Mortágua esclareceu que esse é um ponto a ser definido pelo Presidente da República.

Carlos César (PS): partido “está preparado” caso haja eleições

O presidente do PS, Carlos César, na sede do partido, já reagiu à atual crise política provocada pela demissão de António Costa. 

“São notícias que sobressaltaram a sociedade e perturbam as nossas consciências, suscitadas no que ao primeiro-ministro se referem, a partir de um comunicado”, começa por dizer, acrescentando que, apesar de não haver acusações formais sobre Costa, este entendeu que, em defesa da “dignidade” das instituições e “honorabilidade” pessoal, devia apresentar a sua demissão.

 “Interpretando o sentimento” dos socialistas, Carlos César diz que se deve “prestar homenagem ao grande sentido de responsabilidade” de Costa, do seu comportamento “exemplar” e do seu “enorme legado”.

“Portugal está melhor, superou várias dificuldades, reganhou não só confiança junto dos mercados como prestígio junto das instituições europeias”, acrescentou.  

César “reconhece” também o papel de Costa como líder do PS e que agora competirá a Marcelo Rebelo de Sousa “avaliar” os próximos passos. 

Ainda sobre o futuro, o presidente do PS diz que o partido está “preparado” e que tem “capacidade para se preparar” caso o cenário seja a de eleições antecipadas.  

André Ventura (Chega): “Estamos prontos para governar”

O líder do Chega defende novas eleições “o mais depressa possível” e adiantou que é essa a mensagem que vai passar ao Presidente da República na audiência que terá com Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência da demissão do primeiro-ministro.

“A única solução é a dissolução da AR” disse André Ventura, que lembrou que Marcelo Rebelo de Sousa tinha dito, em março, que esta era uma maioria de António Costa.

Reconheceu que este “não é o melhor momento” para eleições, mas sublinhou que “qualquer outra solução atrasará processo político do país”.

Ventura aproveitou ainda para deixar a garantia de que o Chega está preparado para ser alternativa.

“É verdade que na direita existem divergências, temos modelos e propostas diferentes, mas se PR entender que é tempo de eleições, estamos prontos para governar”, disse.

Rui Rocha (IL): “Este é o fim de uma solução que já não funcionava para o país”

O presidente da Iniciativa Liberal sublinhou que não havia outro caminho para o primeiro-ministro sem ser a sua demissão, “não só no que diz respeito à investigação que o visa, mas também às pessoas pelas quais se rodeou ao longo do tempo”. 

Para Rui Rocha, “não há outra solução que não seja a dissolução da Assembleia da República e as eleições para que os portugueses possam pronunciar-se em relação à nova composição da Assembleia e de um novo Governo para Portugal”. 

Numa nota mais final, e dirigindo-se diretamente aos portugueses, salientou que a “democracia tem capacidade de regeneração” e que “este é o fim de uma solução que já não funcionava para o país”.

Paulo Raimundo (PCP): “O país precisava de soluções e não de eleições“

O secretário-geral do PCP, em reação à demissão do primeiro-ministro, manifestou-se contra o cenário de eleições antecipadas.

Para Paulo Raimundo, “o país precisava de soluções e não de eleições, como precisava há ano e meio”.

O líder comunista lembrou, aliás, que o Presidente da República pode optar por um cenário alternativo à dissolução da Assembleia da República.

“Não é obrigatório que à demissão do primeiro-ministro suceda obrigatoriamente a dissolução da Assembleia da República”, disse Paulo Raimundo, acrescentando, porém, que é a Marcelo Rebelo de Sousa que cabe “a decisão e avaliação final dos desenvolvimentos futuros, assumindo todas as responsabilidades que daí decorrerem”.

Rui Tavares (Livre): “Livre não é incendiário. Este é o tempo do Presidente da República”

O líder do Livre é menos contundente na sua reação, mas admitiu que um cenário de eleições seria positivo para o partido.

“O Livre está preparado para todos os desafios, mas o Livre não é um partido incendiário numa situação que já é incendiária, e respeita os órgãos de soberania. Este é o tempo do senhor Presidente da República e conta com a confiança do Livre, não nos antecipamos às suas decisões”, sublinhou.

Deixou ainda um apelo aos outros partidos para que haja “clareza e sentido de responsabilidade”, “pelo melhor do país”.

Inês de Sousa Real (PAN): “É importante ouvir as soluções que Marcelo possa ter em cima da mesa para além da dissolução”

A líder do PAN lamentou a nova crise política no país e sublinhou que esta poderia ter sido evitada se “o Governo tivesse executado a proposta do PAN em 2021 para que houvesse a transparência dos beneficiários dos projetos do lítio e do hidrogénio verde, possivelmente não estaríamos aqui hoje”.

Para Inês Sousa Real é “profundamente lamentável que António Costa termine o seu mandato desta forma”, mas que o importante agora é “ouvir as soluções que Marcelo Rebelo de Sousa possa ter em cima da mesa para além da dissolução”, sublinhando a preocupação perante um cenário de novas eleições em pleno Orçamento do Estado.

Nuno Melo (CDS): “O PS e o Governo merecem uma derrota contundente em eleições”.

O presidente do CDS defendeu que a decisão do Presidente da República “só poderá passar pela dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas”.

Nuno Melo evocou, como André Ventura também já tinha feito, as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, na tomada de posse do Governo, quando sublinhou que “se mudar o primeiro-ministro, há dissolução do Parlamento”.

“É a credibilidade do regime democrático que está em causa”, frisou Nuno Melo, garantindo estar “confiante em relação ao futuro”.

“O país precisa de um governo de centro-direita capaz, que devolva melhores condições de vida aos portugueses e a credibilidade ao Estado”, disse, acrescentando que “o PS e o Governo merecem uma derrota contundente em eleições”.