Independentes e notáveis subscrevem manifesto de apoio ao PSD

É o primeiro passo da estratégia de Montenegro para mostrar ao país que consegue oferecer uma alternativa credível. Para já, foi pescar ao centro e à sociedade civil. Só depois virão as coligações.

O timing foi escolhido a dedo. Luís Montenegro não quer deixar o país a falar do sucessor de António Costa todo o fim de semana. O Manifesto por uma alternativa reformista e moderada é o documento em torno do qual o líder do PSD recolheu apoios que, espera, lhe venham a ser preciosos para a criação de uma plataforma vencedora nas eleições de 10 de março.

Daniel Bessa, ex-ministro da Economia de António Guterres, é um dos mais de cem nomes que subscrevem o documento que serve de base para reunir os muitos independentes que, nos últimos dias, Luís Montenegro não se cansa de referir que lhe têm manifestado apoio.

Ao nome de Daniel Bessa juntam-se outros que abrangem diversas áreas: economia, cultura, desporto, empresas e academia.

Ao que apurou o Nascer do SOL, Alexandre Relvas, Miguel Cadilhe, Nuno Botelho, Manuel Luís Goucha, Alexandre Homem Cristo, Fernando Santos, Cristina Vaz Tomé, Leonor Freitas, Rui Massena, Vitor Hugo, Pedro Granjer, Catarina Castro e Eduardo Oliveira e Sousa são alguns dos nomes que compõem esta lista onde manifestam confiança numa mudança política protagonizada pelo líder do PSD.

Segundo nos disseram, à vasta lista de nomes agora anunciados, há a expectativa de que outros venham a juntar-se nos próximos dias, já depois de o documento ser público.

Uma alternativa em 10 passos

O documento em que o PSD se abre à sociedade civil está dividido em 10 pontos, em que são elencados os aspetos considerados essenciais para promover uma mudança no país.

O crescimento económico e a necessidade de reformas são os dois pontos que abrem o manifesto. «Uma nova ambição para Portugal com os desígnios de retomar níveis elevados de crescimento que coloquem o país entre os melhores da Europa e acima daqueles com que atualmente nos comparamos», começa por referir o manifesto, colocando como meta o objetivo de conseguir que a nova geração «possa viver melhor que a dos seus pais e avós, e deixe de ter de emigrar em busca de oportunidades».

O documento faz também referência ao exercício da governação, pedindo «uma governação com elevada exigência ética, integridade e responsabilidade política, respeito pela separação de poderes, e empenho na credibilidade e capacidade das instituições e no combate à corrupção e tráfico de influências», numa clara manifestação de insatisfação com os acontecimentos que conduziram à queda do Governo de maioria absoluta de António Costa.

Neste manifesto, dirigido claramente ao centro, são também defendidas mais e melhores políticas sociais, através da complementaridade dos setores público, social e privado como solução para resolver as dificuldades em setores como o da Saúde, da Educação e da Habitação.

Os subscritores sublinham a importância das contas certas e da estabilidade política que permita o desenvolvimento do país.

O documento será apresentado esta sexta-feira e pretende ser um primeiro sinal de que Montenegro está a apostar tudo numa vitória nas próximas eleições.

Uma vitória que vai tentar que seja o mais alargada possível, para evitar dificuldades num cenário pós-eleitoral.

Uma estratégia por fases até janeiro

Tal como o Nascer do SOL tinha avançado, a direção dos sociais-democratas empenhou-se nos últimos tempos, desde que se precipitou a crise política, em lançar uma plataforma alargada, que permita concentrar votos.

Para isso, os apoios que chegam do centro, à esquerda do PSD, e se estendem até outros mais à direita, são considerados essenciais, como forma de demonstrar que a alternativa tem capacidade de ganhar eleições.

Só depois desta fase é que a direção do PSD vai avançar para a negociação de uma coligação com partidos e movimentos.

Ao que o Nascer do SOL apurou, as conversas informais já decorrem, mas os compromissos mais seguros ficam para depois das festas natalícias. No início do ano, o tema da coligação deverá ser levado aos órgãos partidários e só depois é que os acordos, nomeadamente com o CDS, serão firmados.