A Iniciativa Liberal (IL) não vai concorrer à totalidade dos círculos eleitorais dos Açores. Os liberais vão concorrer em sete dos 10 círculos eleitorais nas regionais antecipadas para 4 de fevereiro. Nuno Barata surge como cabeça de lista na ilha de São Miguel e também como primeiro candidato pelo Círculo Regional de Compensação que reúne os votos que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha. O nome e os círculos a concurso foram apresentados ao Conselho Nacional este mês, tal como já tinha sido feito para as eleições legislativas de 10 de março, mas o Nascer do SOL sabe que essa decisão causou incómodo junto de alguns membros do partido e de alguns conselheiros nacionais. Isto porque o partido optou por não avançar com nenhum candidato para os círculos mais pequenos do Corvo e das Flores.
As mesmas fontes dizem ainda que, ao não concorrer nos círculos mais pequenos, a IL mostra que ou não se conseguiu implementar nos Açores para ter candidatos nesses círculos ou então não quer prejudicar a atual correlação de votos nesses círculos. Isto porque nas eleições regionais açorianas existe um círculo por cada uma das nove ilhas (São Miguel, Terceira, Faial, Pico, São Jorge, Graciosa, Santa Maria, Flores e Corvo) e um círculo regional de compensação.
Contactado pelo nosso jornal, o partido referiu que, «ao contrário de outros partidos, a Iniciativa Liberal não importa candidatos do continente sem qualquer ligação aos Açores e também só apresenta candidatos que são liberais e se reveem nos valores defendidos pela Iniciativa Liberal». E acrescentou: «A Iniciativa Liberal continua a crescer nos Açores e foi possível passar de candidaturas em duas ilhas nas eleições anteriores para sete ilhas nestas eleições. A Iniciativa Liberal leva os princípios da autonomia e subsidiariedade muito a sério». E disse ainda que, «por imposição legal, os candidatos pelo círculo de compensação têm que obrigatoriamente ser também candidatos num círculo de ilha, e o cabeça de lista da IL do maior círculo é também o cabeça de lista da IL pelo círculo de compensação, como é habitual ser feito nos Açores».
No entanto, fontes contactadas pelo nosso jornal lembram que Carlos Guimarães Pinto, em 2019, tinha estabelecido o padrão de que todos os candidatos elegíveis tinham de ser do respetivo distrito e, ao mesmo tempo, era necessário apresentar uma lista em cada um dos distritos. Todos os eleitores tinham de ter a possibilidade de votar liberal.
É certo que esta prática de ter os mesmos candidatos em dois círculos- de compensação e em cada uma das ilhas – é comum junto de vários partidos, assim como também já tinha sido seguida no passado quando Nuno Barata concorreu pela IL em 2020. No entanto, as mesmas fontes alertam que, nessa altura, o partido era pequeno e até foi ‘obrigado’ a procurar quadros junto do CDS. Aliás, em 2020, o atual deputado dos Açores concorreu como cabeça de lista pelos círculos de São Miguel e de compensação pela Iniciativa Liberal, sendo ainda membro do CDS e só regularizou a situação depois de eleito.
Recorde-se que os Açores vão a votos a 4 de fevereiro, após a dissolução da Assembleia Legislativa Regional pelo Presidente da República, devido ao chumbo do Orçamento para o próximo ano.
O Governo de coligação (PSD/CDS-PP/PPM), liderado por José Manuel Bolieiro, deixou de ter apoio parlamentar maioritário desde que um dos dois deputados eleitos pelo Chega se tornou independente e o deputado da Iniciativa Liberal rompeu com o acordo de incidência parlamentar.
Nuno Barata, que até março deste ano era um defensor do acordo entre PSD e IL e defendia-o como um sucesso liberal, deixou de pensar assim e bateu com a porta em março de 2023, tal como antecipara o Nascer do SOL. Na altura, foi revelado que «o Núcleo da Iniciativa Liberal dos Açores decidiu, após profunda reflexão, desvincular-se do acordo de incidência parlamentar celebrado com o PSD após as últimas eleições regionais».
Na corrida açoriana estão seis partidos (PS, PAN, Chega, BE, IL e Juntos Pelo Povo, este último surge num contexto de rutura dentro do partido Chega) e duas coligações (CDU – PCP/PE – e PSD-CDS-PPM).