O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, e Rui Tavares, do Livre, estiveram, esta sexta-feira, frente-a-frente, num debate da campanha pré-eleitoral das Eleições Legislativas, transmitido pela RTP.
No decorrer do debate, entre duas forças à esquerda, o líder socialista repetiu, várias vezes, a importância do “voto útil” no partido, para travar as forças à direita, e para que também seja possível a aprovação de “boas medidas” do Livre”.
“O risco da AD [Aliança Democrática] ganhar é real”, afirmou Pedro Nuno Santos.
O Porta-Voz do Livre, discordou das declarações do dirigente socialista, comparando este apelo ao pedido de António Costa antes das últimas eleições: “Já vi esse discurso”. Rui Tavares defendeu que a única opção óbvia para que as medidas do seu partido sejam aprovadas é se os portugueses votarem no Livre.
A continuação do investimento na Habitação
Ao entrar na temática da habitação, Pedro Nuno Santos, aproveitou, para elencar as medidas, já aprovadas e postas em prática, pelo PS, não apresentando alternativas para o futuro.
Rui Tavares acusou o Governo socialista de falhar na área, apontado o dedo a Pedro Nuno Santos. O líder do Livre sugeriu, como já tinha defendido anteriormente, o aproveitamento de edifícios devolutos do Estado.
O líder socialista foi perentório, e aproveitou a oportunidade para acusar Rui Tavares de não apresentar medidas novas.
Tempo de serviço dos professores
Quanto aos professores, o secretário-geral do PS garantiu que, caso o seu partido vença as eleições de 10 de março, os professores não terão de esperar mais do que uma legislatura pela reposição integral do tempo de serviço.
Pedro Nuno Santos adiantou também que pretende aumentar o salário da classe docente, mas não deixou claro qual o valor. “Não devemos estar a dizer quanto”, explicou, admitindo que apenas conseguirá saber o valor depois de debater com os sindicatos da profissão.
Rui Tavares relembrou que o Livre defende, desde 2015, a recuperação do tempo de serviço dos professores, contudo, concordou com o líder socialista, referindo que “são precisas negociações”.
“Não concordo que Portugal seja um dos países da OCDE que menos investe na educação” indicou o porta-voz do Livre, acrescentado também a importância de um aumento na oferta da escola pública.
Não desistir do SNS
Na Saúde, Pedro Nuno Santos defendeu a importância de desenvolver mais o Serviço Nacional de Saúde (SNS), e para isso, de acordo com o socialista, é preciso reorganizar os centros de saúde e dar mais autonomia aos hospitais, para além de valorizar mais os profissionais.
“Naquilo que o público não conseguir fazer, não temos dogma nenhum com o privado”, referiu o secretário-geral socialista, que acusou a direita de querer diminuir o investimento no SNS.
O Livre defendeu para a Saúde, uma redução do investimento nos privados.
A questão dos Açores
Ambos os líderes abordaram a questão governamental dos Açores. Rui Tavares esclareceu que “uma maioria de esquerda é a única maneira” de garantir a estabilidade, seja no arquipélago seja no continente.
O líder do Livre reconheceu que uma “moção de rejeição” seria uma hipótese, nas legislativas, exceto caso fosse apresentada pelo Chega.
Pedro Nuno Santos, quando foi questionado sobre se o PS aprovaria um governo minoritário de direita, remeteu a questão para a AD: “Temos de colocar a questão também à AD”.
“O PS quando ganha ou consegue maioria governa, quando não consegue governa a oposição. É praticamente impossível que o PS aprove um governo de direita”, clarificou.
O líder socialista justificou que, em Portugal, um Governo minoritário não seria realista.