Seja pela sua cor clubística ou por tradicionalmente o Norte votar PSD (AD), o partido de André Ventura só conseguiu ficar à frente de Luís Montenegro em Valença, distrito da Guarda, em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco e já no Centro, na Marinha Grande, distrito de Leiria. Mas a partir de Santarém – o Chega ficou à frente da AD em 13 concelhos, tendo ganho dois,Benavente e Salvaterra de Magos – e de Portalegre (seis, ficou em primeiro em Elvas) o mapa ficou ainda mais pintado de eleitores do Chega, havendo a destacar os seis primeiros lugares no pódio legislativo no Algarve – Portimão, Silves, Lagoa, Albufeira, Loulé e Olhão. Em Beja ficou à frente da AD em 13 concelhos, 10 em Setúbal e seis em Évora.
Como facilmente se perceberá, a noite de 10 de março foi quase de glória para André Ventura, embora o grande desafio seja saber o que vai fazer com tamanha força política, até porque Luís Montenegro insiste numa linha vermelha à volta do Chega. Mas as contas políticas são para outra freguesia neste jornal, já que aqui nos vamos focar nos números. Em relação a 2022, quase 27 mil pessoas foram corridas das listas de eleitores – o que não é de admirar se atendermos ao aumento da mortalidade nos últimos anos. Mas se houve menos inscritos, o número de votantes aumentou exponencialmente: mais de 750 mil em relação a 2022, altura em que António Costa conseguiu a maioria absoluta.
E terá sido à abstenção que André Ventura foi buscar muitos dos seus 723.721 novos votos. Os outros foram ao PCP, PS e AD, atendendo às transferências de votos.
Os resultados finais, antes da contagem dos votos fora do território nacional, dizem que a AD ganhou por ‘poucachinho’, elegeu 79 deputados contra 77 do PS, o Livre foi o outro vencedor da noite, passou de um para quatro deputados, e que o PCP continua em queda livre de eleição para eleição. Já a ADN conseguiu mais de 100 mil votos, muitos à custa da confusão com a AD. Veremos se daqui a seis meses não teremos que fazer nova contagem.