Uma publicação recente de André Ventura na rede social X, a propósito da nomeação de Ana Paula Martins para ministra da Saúde, ex-administradora do Hospital de Santa Maria, dá a entender que o Chega vai avançar com a comissão de inquérito parlamentar sobre o caso das gémeas brasileiras.
“A nomeação desta ministra da Saúde levanta questões importantes sobre o ‘caso das gémeas brasileiras’. Terão existido aqui favores partidários? O novo Parlamento terá de ter uma palavra a dizer”, escreveu o líder do Chega.
Recorde-se que o Nascer do SOL tinha avançado que o Chega se preparava para levar adiante uma comissão de inquérito parlamentar sobre as gémeas brasileiras, que receberam um tratamento no valor de cerca de quatro milhões de euros no Hospital Santa Maria, num caso em que o filho do Presidente da República é suspeito de ter tentado ‘meter uma cunha’ pelas bebés que sofrem de atrofia muscular espinhal, uma doença rara.
No caso de a comissão de inquérito avançar, Nuno Rebelo de Sousa, bem como Marcelo Rebelo de Sousa, teriam de depor. “É uma hipótese que vamos avaliar, agora que temos condições para isso, e se não houver os devidos esclarecimentos, que entendemos que são necessários, podemos vir a avançar com a comissão de inquérito”, disse Ventura quando questionado ainda antes da nomeação de Ana Paula Martins,
“A agenda do grupo parlamentar está com muita vontade de avançar com uma comissão de inquérito, nem seria o meu caso prioritário, mas, de facto, tenho de reconhecer que, se não fosse a queda do Governo com a Operação Influencer, e tudo o que aconteceu depois, nós tínhamos escrutinado muito mais o caso das gémeas brasileiras. Há uma ponderação no partido sobre se este é um tema que merece ser avançado, e também para respeitar o calendário da investigação que está em curso por parte do Ministério Público. A Comissão vai depender da evolução do próprio processo, e se os visados esclarecem alguma coisa ou não. E falta muito por se dizer, numa coisa que implica o dinheiro dos contribuintes. Acho que deve ser escrutinado pelo Parlamento”, acrescentou o líder do Chega.
Sublinhe-se que a polémica das gémeas, cujo tratamento no maior hospital português começou em 2019, caiu no colo de Ana Paula Martins, que foi administradora do Hospital de Santa Maria entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024.
Foi, aliás, a também ex-bastonária da Ordem dos Farmacêuticos quem ordenou a realização de um inquérito interno que acabaria por revelar a ‘pressão extra’ para a marcação da primeira consulta das crianças, que acabaria por resultar no acesso ao tratamento com um dos medicamentos mais caros do mundo.