Apesar da Iniciativa Liberal ter conseguido eleger dois eurodeputados, sendo o partido que obteve melhores resultados nas europeias, Tiago Mayan afirma ao Nascer do SOL que «todos os pressupostos que justificaram e que fundamentaram o Manifesto Unidos pelo Liberalismo mantém-se», acrescentando que «estes resultados não alteram em nada e tudo o que foi dito e que está representado pelas subscrições de mais de 400 membros mantém-se do que é a nossa visão para a necessidade de uma estratégia diferente, nomeadamente tendo em conta os próximos seis, setes meses que são absolutamente cruciais para definir o partido que queremos ser».
O ex-candidato presidencial da IL chama ainda a atenção para o facto de se ir realizar uma convenção do partido em julho, altura em que serão discutidos os estatutos, assim como o programa político. «Só depois é que ocorrerá no seu tempo normal o período eletivo e necessariamente vai ter de ser apresentada uma alternativa, porque a direção atual já falhou múltiplos objetivos eleitorais e, acima de tudo, muitas das metas e ações prometidas aos membros na sua estratégia global fracassaram. Isso também representa, do ponto de vista dos Unidos pelo Liberalismo, uma direção incapaz de trazer um novo fôlego e uma nova visão, uma nova estratégia para o partido. E quem é liberal acredita em liberdade de escolha», salientou.
Ainda assim, Mayan reconhece os bons resultados alcançados no último ato eleitoral, recordando que as primeiras eleições do partido foram as europeias em 2019 e, perante o que foi atingido, admite que poderemos estar a assistir a um novo ciclo que é preciso trazer para a Iniciativa Liberal. «É natural que se inicie um novo ciclo porque temos deste que já demonstrava alguns sinais de fim de ciclo, que é um ciclo de estagnação e de apagamento da mensagem e das ideias. Este resultado é muito positivo, no sentido que nos permite termos esperanças de abertura de uma nova realidade».
Mayan diz ainda que ficou provado que a IL tem uma base mínima do eleitorado que é bastante fiel e bastante motivada, «muito imune às circunstâncias particulares, quer da vida interna, quer da vida externa do partido e que também é imune, em geral, à abstenção». Mas deixa um alerta: «É um bom ponto de partida, mas não suficiente para um partido que se quer ambicioso, que seja capaz de influenciar políticas e que seja capaz de contribuir para a governação do país. Este eleitorado base andará na ordem dos 5% e o que resultado que tivemos nas Europeias, em números absolutos, se tive acontecido nas legislativas teríamos melhorado o resultado e teríamos eventualmente eleito mais um deputado e em vez de oito, nove. Mas manifestamente nunca foi o objetivo, apesar da moção de estratégia global aprovada pelos membros e que representa um compromisso desta direção que é de almejarmos uma meta de 15% para sermos um partido capaz de influenciar as políticas e a governação».
Estes alertas surgem na véspera da realização de mais um conselho nacional do partido. O encontro está marcado para dia 16 de junho, em Coimbra, e, ao que o nosso jornal apurou, além dos três pontos que estavam previstos – reflexão sobre os resultados das eleições regionais da Madeira, das eleições europeias e a apreciação do relatório anual de atividades do conselho de jurisdição – foram agora adicionado mais dois pontos: um relativo ao ponto de situação do relatório e contas de 2023 e outro o debate sobre a proposta do programa político.
Tal como o Nascer do SOL avançou, a Iniciativa Liberal tinha até ao dia 31 de maio para apresentar contas, mas o partido liderado por Rui Rocha deixou passar esta data em branco. Uma situação que inquieta alguns militantes ouvidos pelo nosso jornal: «A Iniciativa Liberal tem uma atitude até um pouco moralista em relação a sermos corretos, transparentes com o Estado e exigentes com este no que diz respeito a obrigações, então não há nenhuma razão para as contas não serem entregues dentro dos tempos regulares».