É exatamente daqui a um ano que deve dar-se uma dança de cadeiras surpreendente. Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, termina o mandato e Vitor Gaspar, atual diretor do departamento de finanças públicas do FMI, também cessa funções. Entre alguns economistas próximos do ex-ministro das Finanças admite-se que Gaspar possa vir a ser o sucessor de Centeno, que já anunciou não pretender fazer um novo mandato.
A troca de cadeiras seria irónica, mas fontes internas do banco central acham mais provável que Montenegro opte por outro rosto para o lugar. Ricardo Reis é o nome de quem mais se fala no Banco de Portugal para suceder a Centeno. O economista integrou a equipa que aconselhou o atual primeiro-ministro no programa económico com que a AD concorreu às últimas eleições e é considerado um dos portugueses mais reputados em política monetária. Professor na London School of Economics, com um doutoramento em Harvard, Ricardo Reis será um nome com mais hipóteses de passar na negociação que o Governo deverá encetar com o Partido Socialista.
Sendo o Governo de Montenegro um governo minoritário, a escolha do futuro governador tem de reunir consenso, ou pelo menos não ser vista como uma opção provocatória, e a imagem de Vitor Gaspar, muito associada à austeridade dos tempos da troika, «não o favorece, apesar de ter um currículo e um percurso profissional adequado para a função», diz-nos um economista do banco central.
Na linha de sucessão, embora em segundo plano, surge também o nome de João Vale e Azevedo, atual deputado do PSD e ex-quadro do Banco de Portugal. Vale e Azevedo foi também um dos elementos mais importantes na elaboração do programa económico da AD e é muito próximo do ministro das Finanças ,Joaquim Miranda Sarmento.
Centeno prepara candidatura presidencial
A saída do Banco de Portugal deixa Mário Centeno de mãos livres para avançar para uma candidatura presidencial em que deverá ser apoiado pelo PS. Com a partida de António Costa para a presidência do Conselho Europeu, o atual governador surge como o nome mais consensual para assumir uma candidatura da área socialista a Belém. Adalberto Campos Fernandes, antigo ministro da Saúde no primeiro Governo de António Costa, foi o primeiro a lançar o nome de Centeno para uma candidatura presidencial, logo a seguir às eleições europeias, e a ideia parece agradar ao homem que os socialistas chegaram a propôr para substituir Costa, evitando eleições antecipadas.
Gouveia e Melo também avalia candidatura
Ficou conhecido como o almirante das vacinas e é atualmente chefe do Estado Maior da Armada, mas, à semelhança de Mário Centeno, também Gouveia e Melo termina o seu mandato no final deste ano e já não poderá fazer um segundo por limite de idade.
Desde que ficou conhecido por ter gerido a administração de vacinas durante a pandemia que o seu nome é falado como hipótese para uma candidatura presidencial. O próprio nunca afastou por completo essa ideia e, ao longo dos meses, algumas personalidades à esquerda e à direita do espetro político nacional têm insistido com Gouveia e Melo para que se candidate às presidenciais de 2026. Uma dessas personalidades diz ao Nascer do SOL que «ele tem condições únicas para ocupar o lugar, porque é alguém que está acima dos partidos e que é reconhecido pela sociedade. Quem anda com ele na rua percebe que as pessoas o reconhecem e agradecem o que fez por elas».
O facto de ser muito popular entre os portugueses dá margem para que Gouveia e Melo só venha a assumir uma candidatura a Belém muito próximo da data das eleições, diz-nos a mesma fonte. Foi também essa a opção de Marcelo Rebelo de Sousa quando anunciou a sua candidatura e «só nisso deve seguir o que fez Marcelo». De resto, garantem-nos, «é um perfil muito diferente e será um Presidente muito diferente».
Face a uma candidatura de Gouveia e Melo, fica a dúvida sobre se Marques Mendes, que já se colocou na pole position para a corrida presidencial mantém ou não essa vontade. Certo é que, se o fizer, contará com o apoio do PSD de Luís Montenegro