O PSD tem uma tradição de 50 anos: fazer campanha eleitoral à Direita e, ganhas as eleições com os votos ‘úteis’ da Direita, governar à Esquerda. Tradição só rompida por Sá Carneiro e por Passos Coelho.
Estas eleições europeias enquadraram-se, exemplarmente, nessa tradição. Caso paradigmático, o das políticas de imigração.
Sabendo da pouca popularidade da política de imigração seguida pelos últimos governos socialistas, o Dr. LM lançou, durante a campanha eleitoral, um suposto grande pacote de medidas de contenção da imigração maciça. Tudo aquilo era muito pouco, quase nada. Mas terão sido vários os eleitores de Direita que só leram os títulos. Passadas as eleições, o Chega apresentou, no Parlamento, cinco propostas que essas, sim, se traduziriam, se aceites e aplicadas, num real controle do movimento migratório. Note-se que todas essas medidas foram tomadas por vários países europeus da família política do PSD e, mesmo, de algumas do PS. Medidas todas elas razoáveis e sem as quais a imigração massiva não cessará. Eram elas:
a. Direito a apoios sociais, apenas após cinco anos de descontos
b. Programas de apoio ao retorno voluntário e imigrantes
c. Consagração e imposição de limites ao número de atestados de residência por habitação
d. Estabelecimento de quotas anuais para a imigração assentes nas qualificações e nas reais necessidades do mercado de trabalho do país.
e. Suspensão imediata da emissão de autorizações de residência até que todos os pendentes sejam resolvidos.
Como é evidente, toda a Esquerda votaria contra, como votou. Mas seria de esperar que PSD e CDS, se alguma coisa quisessem, de facto, fazer para o controle da imigração, como haviam prometido na campanha eleitoral, votassem favoravelmente as cinco propostas. Porque a abstenção do PSD equivaleria, como equivaleu, a colocarem-se do lado da esquerda para chumbar essas propostas do Chega. Contudo, nas cinco propostas acima elencadas, a AD votou contra (com a Esquerda) as duas últimas e absteve-se nas três primeiras. Ou seja, na prática, aliou-se com a Esquerda para não deixar passar as cinco propostas do Chega.
O que faz sentido por parte do sólido apoiante da Senhora von der Leyen que é Dr. LM, sabendo nós que ela foi, como presidente da Comissão Europeia, a grande arquiteta, juntamente com a Senhora Merkel, da política de portas escancaradas à emigração.
Temos um Dr. LM em Bruxelas e um Dr. LM em Lisboa. O de Lisboa simula fechar um pouco a porta a imigrantes em massa, o de Bruxelas escancara-as todas. O de Lisboa acusava – justamente – António Costa e os seus governos de todos os desmandos. Mas mal o Dr. LM de Lisboa encaixou os seus deputados no Berlaymont, o Dr. LM de Bruxelas vem a público declarar o seu incondicional apoio a António Costa para a presidência do Conselho Europeu.
Quando temos um Dr. LM em Lisboa e outro em Bruxelas, podem estar seguros de que o autêntico é o de Bruxelas. O Dr. LM de Lisboa funciona como um pertinaz angariador de votos úteis para que o Dr. LM de Bruxelas possa cumprir a Agenda 2030 que com as suas vacas carbonizadoras e o seu burocratizado delírio woke, nos está a arruinar a todos, moral e financeiramente. Como dizia o espanhol que lidera o partido «Se Acabó la Fiesta», «na Europa são precisos mais papéis para sair um tomate de uma horta do que para entrar um imigrante». Mas é o que temos.