Há muito que a situação política e social na República Democrática do Congo está a degradar-se. As recentes declarações de Volker Türk, Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, de que um milhão de pessoas fugiu de suas casas este ano confirma que estamos perante mais uma crise humanitária em África. No total, estima-se que 6,4 milhões de pessoas tenham abandonado o país.
A situação no Congo, que faz fronteira com Angola, é «uma mistura explosiva de violência crescente, interesses regionais e internacionais, empresas exploradoras e um Estado de direito fraco», declarou Türk ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU em Genebra, na Suíça. Entre junho de 2023 e maio deste ano, 85% das violações e abusos cometidos tiveram lugar nas províncias no leste do país, onde existe um conflito entre grupos rivais. Os ataques mortais contra civis e infraestruturas do país, incluindo hospitais e escolas, e a violência sexual são, na maioria dos casos, praticados por grupos militares que querem tomar conta dessa região. «Eles estão a raptar, a manter em cativeiro e a submeter mulheres e raparigas a escravidão sexual. Muitas delas foram mortas depois de terem sido violadas», contou Türk.
Mais de 100 grupos armados diferentes lutam atualmente pelo controlo de um território que é particularmente rico em minerais, como o cobalto, o ouro e o cobre, tem um potencial hidroelétrico significativo, tem vastas terras aráveis, uma biodiversidade imensa e é a segunda maior floresta tropical do mundo.