“Soares faz o jackpot da política. Teve a direita e a esquerda a apoiá-lo”

Ao fazer a biografia de Mário Soares, Joaquim Vieira descobriu que a família do fundador do PS decidira investigá-lo. ‘Isso nunca me retirou a independência’, diz. A vida de Soares pela pena de Vieira.

Diz no prefácio que a família Soares mandou investigar a sua vida privada. Como conseguiu manter a independência quando andavam a vasculhar a sua vida?
Como jornalista sempre me habituei a manter a independência, independentemente daquilo que as pessoas, os visados pelas investigações, pelas notícias, pudessem pensar de mim. Consigo manter essa isenção e essa distância. O livro, de uma forma geral, transmite uma imagem positiva de Soares, do contributo dele para a nossa História do século XX. É claro que também valorizo coisas que não são tão positivas para Mário Soares. Podem dizer que, se calhar, não devia valorizar. Mas é a maneira como vejo os acontecimentos. Acho que qualquer figura pública é composta de aspetos positivos e negativos. Ninguém é totalmente perfeito. E se quero uma biografia que seja isenta, que não é autorizada, que não é oficial, naturalmente tenho de ir à procura de todos esses aspetos, os bons e os maus, digamos assim.

Mas, por exemplo, quando é acusado de ter falado para a PIDE, não gostou que tivessem insinuado isso?
Não gostei… É uma coisa que não sei porque foi chamada à colação neste caso. Mas eles estão à vontade para dizer o que quiserem.

Mário Soares tinha um estatuto diferente na cadeia.
De uma forma geral, os intelectuais, profissões liberais, advogados, como era o caso dele, não eram sujeitos a tanta pressão por parte da polícia como outro tipo de profissionais, sobretudo mais ligados ao operariado, ao campesinato e tudo isso. Não há sequer notícias de que Soares tenha sofrido torturas muito fortes na cadeia. Ele também nunca falou disso muito em detalhe.

Achei fascinante as passagens de Mário Soares pelas prisões, nomeadamente aquela história hilariante em que ele põe Júlio Pomar a pintar o quadro do guarda e depois consegue com isso pôr o guarda a dar-lhe banho de água quente com o regador. Acha que já era bastante revelador do que ele era?
Sim. Soares, nessa altura, já era o Soares que viria a ser mais tarde. Para ele, a política tinha de ter sempre um lado lúdico. Não podia ser uma atividade pesada, aborrecida, maçadora, que fosse difícil de executar. Ele encarava sempre essa atividade com um espírito alegre, que é uma característica que o acompanhou. Tentava sempre tirar o melhor partido das situações. Mesmo que fossem situações adversas para ele. E tentava conquistar as pessoas que estavam do outro lado, como foi esse caso e como foi em muitos outros. E ele praticamente dava-se com toda a gente e chegou ao fim da vida apenas com dois ou três ódios de estimação.

Cavaco e Eanes.
Sim, e Rui Mateus. E penso que mais ninguém.

49 anos depois do 25 de Novembro, vemos muita gente a falar de Soares e de Cunhal. Mas Soares nunca teve a ver com Cunhal.
Ao princípio, sim. Fez parte do PCP. O Cunhal foi tutor dele, escolhido pelo pai, como professor de vida, digamos assim.

Agostinho da Silva foi outro…
Sim, também. O Cunhal nem sequer podia dar aulas. E o Álvaro Salema, que também era do PCP, três intelectuais. Talvez tenha sido Cunhal que mais o marcou nessa fase, e Soares aderiu ao PCP nessa altura. Há ali um período de 10 anos ou mais em que ele está no PCP.

Quando se dá o afastamento de Soares em relação a Cunhal?
O afastamento só se dá depois de Cunhal estar preso há dois anos, no início dos anos 50. Tem que ver muito com uma visão que Soares tinha, lá está, da política, não como um fardo, mas como uma coisa que devia ser executada com alegria e com boa disposição. E não é essa a visão que os militantes do PCP têm. Mário Soares não tinha paciência para essas coisas. Há uma reunião no Estoril, onde estão altos quadros do PCP, nomeadamente Álvaro Cunhal, e, no fim da reunião, Soares estava com Zenha, e diz… ‘Francisco, vamos ali para o Casino ver umas miúdas, dançar, jogar’, e o Zenha fica zangado, porque era daqueles que tinham um perfil muito austero e fica um bocado escandalizado. Mas a atitude de Soares era esta e nunca mudou. Ele nunca poderia, por exemplo, ser um quadro do PCP na clandestinidade, embora o quisessem colocar na clandestinidade numa certa altura…

Entretanto, Soares ia fazendo o seu percurso político, até criar a Ação Socialista Portuguesa (ASP)
Mais tarde. Isso já mais tarde, depois de ter saído do PCP. Ele entra em cisão, é acusado de várias malfeitorias. Nem sequer o PCP comprovou essas acusações.

Qual foi o último encontro entre Cunhal e Soares, antes do 25 de Abril?
Soares tem encontro com Cunhal em Paris, pouco antes do 25 de Abril. O PS é criado na Primavera de 73, e há a tentativa, no diálogo com o PCP, de criar uma espécie de programa comum. O programa comum era uma coisa que existia em França, uma aliança entre o PC e o PS, de Mitterrand, para criar uma frente comum contra a direita, para conquistar o poder. Soares e Cunhal tentam, de alguma forma, imitar esse processo para a realidade portuguesa. Mas essas conversações não deram em nada.

Em relação à família de Mário Soares há uma coisa curiosa, que é pouco conhecida, ele tinha dois meios irmãos. Um é o Tertuliano e o outro…
… Era médico. Um, filho da mãe, de uma anterior relação, e outro, filho do pai, de uma anterior relação.

Calculo que para a altura não fosse muito comum.
São relações pouco canónicas, bastante heterodoxas para a época. Para já, o pai ter sido padre. Depois, a mãe que tinha uma pensão que herdou ou comprou com dinheiro da lotaria. Acho que foi na pensão que conheceu o pai de Mário Soares. Situações bastante curiosas. Pensamos que não existiam na sociedade portuguesa naquela época, que era uma sociedade muito conservadora, mas também havia. Havia muita coisa muito diferente.

Dá a entender que Mário Soares herdou do pai esse lado ‘mulherengo’..
Completamente.

Diz que não fala em nomes de mulheres/amantes, mas constatei que não é bem assim.
Falo no nome de uma senhora, com quem, aliás, falei bastante, que ela própria assumiu. E se elas assumem, não tenho nenhum problema em falar do nome. Na altura, é certo que falei no nome porque ela já tinha falado comigo, que é a Ana Filgueiras, mas na primeira edição eu não dizia que havia um relacionamento amoroso entre eles.

Mas chegou a essa conclusão depois de ter tido acesso – e convém explicar que tinha escrito a primeira biografia em 2013 – às cartas de Soares.
Li algumas partes do diário de Soares. Tenho pena de não o ter lido na íntegra. As partes mais íntimas, o relacionamento extraconjugal, os relacionamentos, melhor dizendo, porque foram muitos, sabia-se e muita gente falava disso. Maria Barroso nas cartas, publicadas no SOL, também se queixava de quando ele estava no exílio, de um esfriamento da relação, de ter tido, eventualmente, outras, ela insinuava que havia outras coisas lá por fora, mas algumas cartas ela própria censurou. Eu teria curiosidade em ler essas outras cartas que ela própria censurou, quando foram publicadas. E depois tive mulheres que se relacionaram com o Mário Soares e que me contaram. Algumas disseram-me que ele contava o seu historial nos momentos íntimos.

Parece que condena esse lado mais conquistador de Soares.
Não vejo nenhuma passagem do livro em que aponte o dedo moralista a Soares. Nem vou por aí, de maneira nenhuma. Não faço esse tipo de julgamento. Deixo essa avaliação para os leitores.

Depois também fala na relação com uma prostituta.
A prostituta foi quando ele perdeu a virgindade. Foi o pai, João Soares, que o levou a uma prostituta. E ela disse: ‘Vamos lá despachar isto que eu não tenho o dia todo’. Nessa época também era muito comum os pais levarem os filhos para perderem a virgindade com prostitutas. Como expliquei, ele contava às namoradas as aventuras que tinha tido antes com outras. Pelo menos, a algumas delas. Como soube isso da prostituta? Ele contou a uma das namoradas!

Entramos no 25 de Abril. Soares já tem uma experiência política vastíssima, não é propriamente um paraquedista que cai aqui… Acha que esse background lhe permitiu depois ser um dos atores principais no 25 de Novembro?
Ele tinha uma intuição política extraordinária, essa é uma das principais qualidades que vejo em Soares, quando ele faz política. E essa intuição levava-o a antecipar-se aos outros, aos seus próprios camaradas, companheiros de luta, a querer ser mais ousado e a avançar mais em relação àquilo que os outros queriam. Os outros eram mais recuados, digamos assim. E ele achava: ‘Não, é o momento de nós fazermos isto e fazermos aquilo’. Uma vantagem muito importante de Soares, quando chega o 25 de Abril, é ele ter criado um ano antes o PS. Porque se Soares tivesse desembarcado aqui como um exilado político sem partido, seria completamente diferente. Mas ele já tinha um partido atrás dele. Já não era só o PCP, havia também o PS. Isso dá-lhe um peso extraordinário, até porque os próprios militares, sobretudo aqueles que não eram propriamente simpatizantes do PCP…

E da extrema-esquerda também.
Sim, mas a extrema-esquerda não tinha partido, tinha grupos. Embora Spínola não tivesse confiança total em Mário Soares, vê ali um tipo que pode ser uma alternativa ao PC, porque Spínola não gostava do PC, naturalmente era um conservador. E isso dá-lhe um lastro muito mais forte para entrar no processo político português após o 25 de Abril. E depois, outra coisa é que quando se dá o próprio 25 de Abril, ele diz: ‘Eu quero imediatamente ir para Portugal, já’. Tal como em relação à criação do PS, que muitos achavam que não, que era prematuro, que era precipitado, a própria Maria Barroso levava daqui um mandato do núcleo de Lisboa, para votar contra a criação do PS, em 73, no Congresso de fundação. E também, quando se dá o 25 de Abril, começam a dizer: ‘Cuidado, não sabemos o que é aquilo, é um golpe que pode ser de direita. É perigoso, é arriscado, não vale a pena ir já’. E Soares diz: ‘Não, imediatamente em Portugal, na primeira oportunidade’. Ele chega a Portugal, de comboio, a 28 de Abril, antes de Cunhal (que só chegou a 30 de Abril). Esta capacidade que ele tem de antecipação é muito importante para lhe dar depois palco nos acontecimentos políticos que vêm a seguir. Logo aí, quando Spínola decide colocá-lo no primeiro Governo provisório, como ministro dos Negócios Estrangeiros. Nos governos provisórios havia ministros sem pasta dos vários partidos que já estavam constituídos, havia ministro sem pasta do PPD, que era Sá Carneiro, havia ministro sem pasta do PCP, que era Cunhal, e havia ministro do PS, que era Mário Soares, mas além de ser o ministro com o estatuto dos outros, sem pasta, tinha também a pasta dos Negócios Estrangeiros. Isso, digamos assim, coloca-o um bocado acima do nível dos outros representantes dos partidos. A partir daí é sempre a capitalizar.

Nessa altura, não perdeu o gosto pelo luxo e pela diversão…
Nunca, até ao fim da vida, também é isso que faz de Soares uma personagem bastante fascinante.

E cada vez o afastava mais de Cunhal.
Nessa altura, já não havia nada a fazer. O que afasta depois ainda mais os dois é a atitude do PCP no Processo Revolucionário em Curso, PREC. Isso verifica-se naquele debate, no frente-a-frente televisivo que eles têm, já muito perto do 25 do Novembro. Aí estão completamente em lados opostos. Parece que é, digamos assim, a oposição de direita e de esquerda, ou seja o que for. Aí é curioso porque Soares tinha toda a direita atrás dele. Soares tem esta característica que não vejo em nenhum político, nem nacional, nem internacional, que é, numa certa fase da sua carreira política, ter toda a direita atrás dele, a apoiá-lo, quando é o comício da Fonte Luminosa, em julho de 1975, e cerca de uma década depois tem toda a esquerda atrás dele a apoiá-lo, quando é a campanha da segunda volta para as presidenciais de 86. Soares faz o pleno, ele faz o jackpot da política, não há mais nenhum líder político que consegue abranger todo o leque da esquerda à direita. Numa fase diferente, é certo, mas isso é um trabalho absolutamente notável.

Se nos anos 50, 60, existisse o wokismo, Soares teria sido queimado em alguma fogueira!
[Risos] Exatamente. Seria politicamente incorreto em muitas coisas. Embora depois, para o fim da vida, já estava um bocado como no início. Com ideias muito radicais.

Mudando de assunto. Quando se pensa em Cavaco Silva pensa-se mais nos seus mandatos como primeiro-ministro. Já quanto a Mário Soares, fala-se mais enquanto Presidente. Que é um cargo que tem menos importância, menos poder.
Sim, mas Soares teve três mandatos como primeiro-ministro, sempre incompletos. E sempre com minorias. Cavaco teve duas maiorias absolutas. Além de um outro mandato, sem maioria. Isso faz toda a diferença. Cavaco foi um reformista, Soares não foi propriamente um reformista. A preocupação dele, e muito bem, foi a integração europeia e fez duas negociações com o FMI, dois resgates financeiros, mas não fez assim reformas muito profundas. Ele fica mais como aquele que define o modelo de Presidente da República, porque era um Presidente da República que praticamente reuniu consenso geral e toda a gente o apreciou muito, de facto. A imagem que fica dele é mais como Presidente, até porque na terceira vez que foi primeiro-ministro, quando foi do Governo do Bloco Central, as pessoas tinham-lhe uma raiva tão grande, praticamente, como tinham a Passos Coelho com a troika. As coisas eram muito parecidas.

Também tínhamos pedido um apoio financeiro.
Exatamente, houve austeridade, houve fome e tudo isso. As coisas eram muito idênticas. E mesmo assim, ele arriscou candidatar-se a Presidente da República logo a seguir. E ganhou. É absolutamente notável.

Se tivesse que dividir a vida política de Soares em cinco ou seis momentos, quais escolheria?
O primeiro, quando trabalha na candidatura às presidenciais de Norton de Matos, em 1949. É um precursor das eleições do Humberto Delgado.

Curiosamente, não era muito simpatizante de Humberto Delgado.
Não. Não teve grande envolvência na campanha de Delgado, teve assim uma certa distância, depois aproximou-se mais dele. Mas, em 1949, há a candidatura de Norton de Matos, que era um tipo da maçonaria, contra o candidato de Salazar, que era o Marechal Carmona, que já lá estava. A oposição toda reúne-se nessa candidatura unitária. Soares ainda estava no PCP, era militante, e torna-se secretário pessoal de Norton de Matos, sem este saber que Soares era do PCP. Era um lugar de muita confiança, não é? Estamos a falar em 1949, ele tinha 25 anos. E o PCP decide, estrategicamente, que as pessoas do PCP, que estão na candidatura, têm de assumir a sua afiliação comunista. E dizem a Soares que ele tem de dizer a Norte de Matos que é do PCP. Isso é uma coisa terrível para Soares, que achava que era um erro. Mas resolveu obedecer. Acho que foi uma das coisas que levaram Soares a sair do PCP. E diz a Norton de Matos que não tem assim grande reação. ‘Ah sim? Está bem, pode sair para almoçar’, disse-lhe o general. Soares vai almoçar com colegas da candidatura e, à tarde, entra lá e os papéis não estão no gabinete. Já está tudo no rés-do-chão, nos serviços gerais. Acho que Norton de Matos nunca mais falou com ele.

O segundo momento diria que é quando Soares sai do PCP, princípio dos anos 50. Ele não sai com estrondo, vai-se afastando progressivamente. É o PCP que depois comunica, no Avante!, a expulsão de vários elementos do partido, incluindo Soares.

O terceiro momento, diria a criação da Ação Socialista Portuguesa (ASP). Que é o proto… pré-PS, em 64. Em Roma, eram só ele, o Francisco Ramos da Costa e o Manuel Tito de Morais. Que é uma coisa que não tem grande peso, influência mesmo aqui na luta interna, mas vai fazendo o seu caminho. Mas o outro momento é a fundação do PS, em 1973, contra algumas opiniões. Entre as duas coisas, se tiver de escolher só um, escolho a fundação do PS. Depois, outro momento foi o comício da Fonte Luminosa, em 1975, e é aí que tem toda a gente atrás dele, até a Igreja. Não havia ninguém em quem confiar politicamente para dirigir a frente contra o avanço da influência comunista no poder, a não ser Mário Soares. Há um momento muito importante que é quando ele ganha as eleições em 76… O PS já ganhara as eleições com um resultado muito expressivo em 25 de Abril de 75. Mas em 25 de Abril de 76, ganha, embora com uma percentagem ligeiramente menor, e forma o primeiro governo constitucional, minoritário. Por fim, a eleição dele como Presidente da República, o momento culminante da sua vida política. São os momentos marcantes da carreira pública de Soares.

Não foi um pouco penoso ver o final da carreira de Soares?
Para mim foi. A começar pela candidatura a eurodeputado. Ele aceita candidatar-se nessas eleições, convidado por Guterres, em 1999, com a ‘promessa’ de ser presidente do Parlamento Europeu, se as eleições assim o permitissem à sua família política. Em princípio, quem ganhava as eleições fazia a primeira parte do mandato, depois, neste caso, Soares faria a segunda parte. E Soares chegou lá e diz: ‘Não concordo com nada disto. Quero ser presidente a tempo inteiro e não aceito este esquema, esta combinação que existe’. Ele aí já estava a radicalizar um bocado as suas ideias. Então já era menos o político do consenso, que tinha sido a seguir ao 25 de Abril, do consenso ao centro, que dialogava com os americanos e tudo isso. A candidata apresentada pelo PPE a presidente, que é uma senhora, francesa acho eu, e ele diz-lhes: ‘Ainda por cima, a senhora que apresentam é uma dona de casa’. E lá está, mais uma vez completamente anti-woke. Uma fulana que está na política é dona de casa… E ele é quem tem direito porque é político, tem biografia… Isto caiu muito mal na altura. Ele nunca foi presidente do Parlamento Europeu, foi a senhora, se bem que ele tenha assumido ficar como eurodeputado até ao fim. Foi notável da parte dele. E, depois, foi a história da terceira candidatura às presidenciais. Correu pessimamente… Por fim, quando começou a ficar com aquele discurso, também bastante radicalizado, contra o Governo de Passos Coelho, contra a troika e tudo aquilo… Ele que negociou, fez duas negociações com o FMI, depois para o fim já estava contra tudo, contra o FMI, estava contra a NATO… Tudo o que era ocidental. E essa história de defender até ao fim, custasse o que custasse, a inocência do Sócrates, contra tudo aquilo para que a Justiça apontava. Acho que isso também não lhe ficava bem.