CDS pode ser o fiel da balança de uma nova maioria na Madeira

Após duas ‘negas’ do PSD, o CDS/Madeira abre porta ao diálogo com todas as forças políticas após as eleições. Centristas podem ser peça-chave numa nova maioria inédita na região.

CDS pode ser o fiel da balança de uma nova maioria na Madeira

Descartados pela segunda vez de uma coligação pré-eleitoral com o PSD, os centristas da Madeira dão sinais de poderem mudar de estratégia num cenário pós-eleições regionais. Isso mesmo foi sinalizado por José Manuel Rodrigues, líder do CDS/Madeira, à saída do Palácio de Belém após a audiência com o Presidente da República. O CDS, revelou Rodrigues, «está disposto a trabalhar com todos os partidos políticos quer antes, quer depois das eleições regionais – nós gostaríamos que fosse encontrado na nossa área do centro e de direita uma solução».

Questionado pelo Nascer do SOL sobre o que significa esta manifestação de abertura para dialogar com outros partidos, José Manuel Rodrigues explica que «o CDS reserva-se o direito de falar com todas as forças políticas após as eleições». Em causa pode estar uma outra opção de alianças por parte dos centristas, que nos últimos mandatos estiveram em coligação com o PSD no Governo e, depois das últimas eleições, fizeram um acordo parlamentar com Miguel Albuquerque, assumindo a presidência do Governo Regional.

Ao abrir a porta ao diálogo com outros partidos, os centristas podem vir a ser o fiel da balança de uma nova maioria na Madeira que, a acontecer, seria inédita em 50 anos de democracia. Ao que o Nascer do SOL apurou, caso a aritmética eleitoral venha a ditar um resultado em que a soma dos deputados socialistas e dos Juntos pelo Povo possa sobrepor-se ao número de deputados eleitos pelo PSD, o CDS (que nas últimas eleições elegeu dois deputados), admite juntar os seus eleitos a uma coligação PS/JPP, formando um governo alternativo na região autónoma.

As sondagens mais recentes apontam para resultados muito semelhantes aos obtidos nas eleições de maio, o que, a concretizar-se, mantém uma situação de pântano político na Madeira. Será essa a reflexão que os centristas da Madeira estão a fazer: sem uma maioria clara, é muito difícil que um novo governo dirigido por Miguel Albuquerque possa sobreviver, até porque nenhum partido está disponível para dar a mão ao ainda presidente da região autónoma.

Numa situação de impasse político, o partido regional pondera associar-se a um governo ao centro, que inclua socialistas e Juntos pelo Povo, mas que deixe de fora os partidos à esquerda. A coligação é inédita ao nível do governo regional, mas não o é ao nível local, quando o CDS no passado se juntou a coligações autárquicas com socialistas e Juntos pelo Povo.

Conselho de Estado é já dia 17

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu, na passada terça-feira, no Palácio de Belém, os sete partidos representados na Assembleia Legislativa da Madeira, na sequência da aprovação da moção de censura ao executivo madeirense a 17 de dezembro, que levou à queda do Governo Regional.

Depois da audiência com os partidos, o Presidente da República convocou o Conselho de Estado para o dia 17 de janeiro, às 15h, para se pronunciar «sobre a dissolução do parlamento regional».

À saída de Belém, o presidente do CDS-PP da Madeira destacou que se reuniu com Marcelo Rebelo de Sousa para comunicar «a inevitabilidade de eleições» e apelar à estabilidade política na região autónoma. «A Madeira, estando neste momento ingovernável, não pode continuar ingovernável, sobretudo depois das próximas eleições. É neste quadro que o CDS entende e apela a todos os agentes políticos da Madeira que tenham sentido de responsabilidade para que seja possível encontrar uma solução de estabilidade política que nos conduza a um Governo para os próximos quatro anos», acrescenta.

De resto, a posição consensual entre todos os partidos auscultados é só uma: é preciso marcar eleições antecipadas e o mais rápido possível.

Tudo nas mãos de Marcelo

Os próximos passos serão decididos pelo Presidente da República, após reunir em Conselho de Estado. Se Marcelo decidir que a solução passa pela realização de eleições antecipadas na Madeira, o sufrágio não poderá ocorrer antes de 16 de março. Os prazos legais obrigam a uma antecedência mínima de 55 dias para a marcação de eleições, em caso de dissolução.