BE vs. AD: Cordialidade na separação de posições

Nuno Melo e Joana Mortágua foram os intervenientes

Nuno Melo e Joana Mortágua debateram esta quarta-feira num tom cordial e com uma separação clara de posições em todos os temas no debate televisivo para as eleições legislativas, transmitido pela RTP. O presidente do CDS-PP afirmou que a proposta de tetos às rendas defendida pelo BE é da autoria do ditador Salazar, e a deputada do Bloco de Esquerda acusou o Governo de “cobardia e arrogância” por rejeitar esta medida.

Sobre a habitação, Joana Mortágua acusou a AD de ter implementado medidas que aumentaram os preços das casas e argumentou que o país “já não aguenta a lengalenga da construção” insistindo que esta medida funciona nos Países Baixos.

“Eu sei que os senhores não acreditam muito nas dinâmicas do mercado mas como não há casas, esse é um problema que tem que ser resolvido através da construção”, respondeu Nuno Melo, acrescentando que “o  BE tira agora da cartola esta coisa do teto das rendas como sendo uma grande inovação, que não é. A medida é de 1948, foi introduzida pelo professor Salazar, durante o Estado Novo, saímos de um surto inflacionário no pós-guerra e não funcionou em Portugal e não funciona fora”, argumentou.

Na resposta, Mortágua insistiu que a construção é necessária mas vai demorar tempo. “Eu não sei se é de uma enorme arrogância ou se é de uma enorme cobardia face aos interesses que estão por trás da especulação imobiliária dizer que a Europa inteira está errada. Quando a Europa inteira conseguiu controlar, se não diminuir, preços das casas”, atirou.

Na saúde, Nuno Melo recuou à geringonça para responsabilizar o BE pelo agravamento da situação, ao “atirar ideologia para cima dos problemas”. O centrista deu como exemplo o fim das parcerias público-privadas e considerou “quase criminoso” o que se fez no Hospital de Braga. A deputada bloquista respondeu que “ideológico é encerrar urgências para as entregar aos privados”.

Na tema da imigração, Joana Mortágua acusou o Governo de ter “feito de conta” que limitou a entrada de imigrantes no país, rejeitou que os imigrantes venham “por encomenda dos empresários” e pediu respeito por estes cidadãos. Nuno Melo acusou o BE de uma “demanda ideológica” que condena os imigrantes “à exploração e à fome”.