Impasse diplomático e ‘fome generalizada’ em Gaza

As negociações no Qatar não chegam a bom porto. Crianças estão a morrer à fome todos os dias.

O conflito no Médio Oriente continua e o fim parece não estar perto, ainda que as intensas e complexas negociações estejam em curso. O Hamas respondeu, finalmente, na quarta-feira à proposta de cessar-fogo que já havia sido aceite por Israel, mas as expectativas são baixas, uma vez que as condições apresentadas pelo grupo terrorista dificilmente serão aceites pelos israelitas. Segundo noticiado pela agência de notícias alemã Deutsche Welle (DW), «de acordo com uma fonte palestiniana familiarizada com as conversações em curso em Doha, a resposta incluiu propostas de alteração das cláusulas relativas à entrada de ajuda, mapas das áreas de onde o exército israelita deve retirar-se e garantias de um fim permanente da guerra».

David Mancer, o porta-voz do governo israelita, disse na quarta-feira, citado pela DW, que «Israel concordou com a proposta do Catar e com a proposta atualizada de [Steve] Witkoff (enviado especial dos EUA), é o Hamas que se recusa».

Mas enquanto se discutem propostas de cessar-fogo, a crise humanitária em Gaza agrava-se a cada dia. De acordo com o diretor da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, o que está a acontecer em Gaza é «uma fome em massa provocada pelo homem», atribuindo as culpas ao «bloqueio». As declarações de Ghebreyesus foram dadas na sequência de um relatório de mais de cem organizações humanitárias, de entre as quais se encontram a Oxfam, a Amnistia Internacional e os Médicos Sem Fronteiras, que alertam para o facto de a fome se estar a espalhar de forma generalizada no enclave e que «estão a testemunhar os seus próprios colegas e parceiros a definhar perante os seus olhos». «Fora de Gaza, em armazéns – e mesmo dentro da própria Gaza – toneladas de alimentos, água potável, material médico, abrigos e combustível permanecem intocadas, sem que as organizações humanitárias tenham acesso a eles ou os entreguem», pode ler-se no comunicado conjunto.

Assim, e à medida que a diplomacia vai fracassando, por intransigências israelitas e do Hamas, a população de Gaza atravessa uma crise humanitária que tem chocado o mundo e cuja resolução não aparenta estar para breve. Para além disto, o dia seguinte no enclave continua a ser um dos grandes pontos de interrogação neste conflito.