A Air France–KLM formalizou esta terça-feira, junto da Parpública, a sua manifestação de interesse na privatização da TAP, antecipando-se ao prazo final definido pelo Governo, que termina a 22 de novembro. O grupo sublinhou que este passo confirma o seu “forte e continuado interesse” na operação e que aguarda agora os próximos desenvolvimentos do processo.
Segundo o modelo aprovado, o Estado prevê alienar até 44,9% do capital da companhia, reservando ainda 5% para trabalhadores. Caso esta parcela não seja totalmente subscrita, o comprador selecionado terá direito de preferência. Concluído o prazo de manifestações, a Parpública dispõe de 20 dias, até 12 de dezembro, para avaliar os interessados e remeter ao Governo o relatório final.
Investigações à privatização da TAP: buscas da PJ e quatro arguidos constituídos
A formalização da candidatura da Air France–KLM surge num momento em que a privatização da TAP volta ao centro das atenções judiciais. Na terça-feira, a Polícia Judiciária desencadeou uma megaoperação, com buscas a 25 locais, incluindo a sede da TAP, instalações do Grupo Barraqueiro, a Parpública, escritórios de advogados e sociedades de revisores oficiais de contas. As diligências foram ordenadas pelo DCIAP no âmbito de uma investigação aberta depois de uma denúncia apresentada em dezembro de 2022, relacionada com a privatização de 2015.
Em causa estão suspeitas sobre a forma como o consórcio Atlantic Gateway — liderado por Humberto Pedrosa e David Neeleman — financiou a compra de 61% da TAP. A investigação incide na utilização de fundos disponibilizados pela Airbus através da DGN Corporation, bem como na aquisição de 53 aeronaves, cujos contratos poderão ter sido sobrevalorizados, causando prejuízos para a companhia aérea.
Ainda na terça-feira, foi anunciada a constituição de quatro arguidos, no âmbito do caso, duas pessoas singulares e duas empresas. Entre eles encontram-se Humberto Pedrosa, do Grupo Barraqueiro, e o seu filho David Pedrosa.