Seguro discorda da escolha de Moedas

O secretário-geral do PS discordou hoje da escolha de Carlos Moedas para comissário europeu, considerando que lhe falta peso político, prestígio europeu e que se trata de uma escolha “estritamente partidária”.

Seguro discorda da escolha de Moedas

"Trata-se de uma escolha que só responsabiliza o Governo e o PS discorda desta escolha", afirmou António José Seguro, numa conferência de imprensa realizada na sede do partido, em Lisboa.

Carlos Moedas, actual secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, foi anunciado como o nome escolhido por Passos Coelho para representar Portugal na Comissão Europeia, integrando a equipa do sucessor de Durão Barrosso, o luxemburguês Jean Claude Juncker.

Sublinhando que se tratava de uma oportunidade de Portugal escolher uma personalidade com resultados e prestígio europeus e com peso político, António José Seguro lamentou que o perfil de Carlos Moedas não corresponda a nenhum destes ‘items'.

"Não se conhece uma ideia, nenhuma ideia, nenhuma proposta nem pensamento sobre questões europeias", sustentou.

Ou seja, acrescentou, tratou-se de "uma escolha estritamente partidária", com o Governo a optar por "um dos seus", não pensando no interesse nacional.

O secretário-geral do PS defendeu ainda que existem em Portugal outras personalidades com "provas dadas, peso político e trabalho realizado" na União Europeia, apontando como exemplo a antiga ministra Maria João Rodrigues.

"Maria João Rodrigues é um dos nomes que se insere no conjunto de personalidades que o país tem com prestígio, com provas dadas e com reconhecimento", disse, contrapondo o perfil de Carlos Moedas como o de uma personalidade "que não diz nada à Europa, não é conhecida pelas suas posições europeias, não tem trabalho no seio da União Europeia".

António José Seguro adiantou que foi informado da escolha de Carlos Moedas para comissário europeu ao início da madrugada, confessando ter ficado "negativamente surpreendido".

Lamentando que o Governo não tenha "tomado nota" do que o PS disse neste âmbito, o secretário-geral socialista reiterou que se tratou de uma "escolha partidária" e que o executivo de maioria PSD/CDS-PP não agiu como devia em nome do internes nacional 

"Mais uma vez ficou demonstrado como o Governo corresponde na prática aos apelos de consenso", referiu, insistindo que a escolha de Carlos Moedas é "uma má notícia para Portugal".

Moedas foi um dos protagonistas nas negociações com os representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia, depois de ter colaborado com o banco de investimento Goldman Sachs, grupo Suez, em França, ou do Eurohypo Investment Bank, além da consultora imobiliária Aguirre Newman, entre outros.

Lusa/SOL