PS: Três meses de confronto aberto entre Seguro e Costa

Mais de 230 mil simpatizantes e militantes socialistas escolhem no domingo, entre António José Seguro e António Costa, o seu candidato a primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas, após mais de 90 dias de confronto interno no PS.

PS: Três meses de confronto aberto entre Seguro e Costa

Cronologia dos principais acontecimentos

25 de Maio: O PS vence as eleições legislativas com 31,46%, contra 27,71% da coligação PSD/CDS. 

António José Seguro afirma que o PS teve "uma grande vitória", a segunda consecutiva. O ex-primeiro-ministro José Sócrates diz na RTP que não se discute um líder que ganha e António Costa declara na SIC Notícias que o triunfo dos socialistas "soube a pouco".

27 de Maio: O ex-Presidente da República Mário Soares escreve no Diário de Notícias que o PS obteve nas eleições europeias "uma vitória de Pirro".

O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, anuncia que está disponível para avançar para a liderança do PS.

28 de Maio: Seguro recebe Costa na sede nacional do PS. Costa diz que apresentará na próxima Comissão Nacional do PS uma proposta para a realização de um congresso extraordinário, se a direcção do partido não tomar essa iniciativa. Em comunicado, Seguro apenas afirma que regista a atitude de Costa.

30 de Maio: Seguro rompe o silêncio e considera que é caso único na democracia portuguesa um líder partidário estar a ser contestado depois de ganhar duas eleições consecutivas.

31 de Maio: Seguro abre a Comissão Nacional do PS, no Vimeiro (concelho de Torres Vedras), avisando que é o líder legítimo e que não se demite. Propõe a realização de eleições primárias, abertas a simpatizantes, para a escolha do candidato socialista a primeiro-ministro.

A presidente do PS, Maria de Belém, recusa admitir à discussão a proposta de António Costa para a realização de um congresso extraordinário por não se encontrar na ordem de trabalhos da reunião. Apoiantes de António Costa entregam um requerimento para convocar uma Comissão Nacional extraordinária do PS, tendo em vista forçar um congresso extraordinário.

01 de Junho: Fonte oficial do PS adianta que Seguro demite-se do cargo de secretário-geral se perder as eleições primárias.

05 Junho: Comissão Política do PS aprova, por larga maioria, proposta de Seguro para a realização de eleições primárias a 28 de Setembro. 

19 de Junho: Os "históricos" socialistas Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Almeida Santos e Vera Jardim pedem rápida clarificação interna no PS.

Comissão Nacional de Jurisdição do PS considera contrária aos estatutos a proposta de António Costa para a realização de eleições directas para a liderança do partido e de um congresso extraordinário.

22 de Junho: Comissão Nacional do PS reunida em Ermesinde (concelho de Valongo) indefere proposta dos apoiantes de António Costa para a realização de eleições directas e congresso extraordinário, mas aprova proposta de Seguro para a realização de congressos federativos a 05 e 06 de Setembro.

António Costa insultado por alguns populares à saída da reunião de Ermesinde.

27 de Junho: Proposta de regulamento de Seguro para as eleições primárias aprovada por dois terços em Comissão Política. Apoiantes de Costa opõem-se, sobretudo em relação à data de fecho dos cadernos eleitorais (12 de Setembro).

08 de Julho: Nova reunião da Comissão Política do PS para aprovar sem qualquer voto contra a comissão eleitoral das primárias, presidida pelo ex-ministro socialista Jorge Coelho.

29 de Julho: António Costa e António José Seguro formalizam com meia hora de intervalo as respectivas candidaturas às eleições primárias do PS.

29 de Agosto: Após prolongadas negociações, candidaturas de Seguro e Costa chegam a acordo para a realização de três debates televisivos a 09, 10 e 23 de Setembro.

05 e 06 de Setembro: Nas eleições federativas, António Costa vence em 10 das 19 estruturas. "Seguristas" reivindicam ter vencido em número total de votos.

09 de Setembro: No primeiro debate, na TVI, Seguro acusa Costa de traição e deslealdade. Costa responde que o exercício do poder, nas circunstâncias actuais do país, é uma enorme responsabilidade e não um prémio.

10 de Setembro: No segundo debate, na SIC, Costa acusa Seguro de só ter seis medidas e meia novas e de falar de cor o que as agências de comunicação lhe escrevem. Seguro responde que nunca esteve à janela do município à espera de aproveitar a melhor oportunidade.

12 de Setembro: Fim do prazo para a inscrição de simpatizantes. Comissão eleitoral das primárias registou a inscrição de 145 mil cidadãos, aos quais se juntam cerca de 90 mil militantes do partido. O universo eleitoral das primárias atingiu os 235 mil.

23 de Setembro: Confronto violento entre Seguro e Costa no terceiro e último debate televisivo na RTP. Seguro aponta o advogado e fundador do PS Nuno Godinho de Matos, apoiante do seu adversário interno, como exemplo de promiscuidade entre política e negócios. Costa acusa Seguro de não estar à altura de ser líder do PS.

Lusa/SOL