Jovens turcos do PS em contenção

São relativamente jovens (na casa dos trinta anos), apoiaram todos António Costa contra Seguro e alinham ideologicamente na ala esquerda do PS. O vereador Duarte Cordeiro e os deputados João Galamba, Pedro Nuno Santos e Pedro Delgado Alves (por ordem, na foto, a comemorar em selfie a vitória de Costa nas primárias) são referência obrigatória…

Mas, no presente haverá menos espaço para as suas posições inflamadas em matéria económica. A oposição interna ao segurismo ficou para trás e os socialistas precisam agora de um discurso mais moderado no ataque às legislativas.

Ascenso Simões, ex-dirigente socialista, apoiante de Costa, indica ao novo líder a ‘linha justa’: “O PS confirma-se como uma força política moderada, distante dos “espirros gauchistas”. Em artigo de opinião, publicado no i, sob o título Costa e os 10 Compromissos para o Futuro, Ascenso é directo, no que toca às finanças públicas, recomendando que Costa se encaminhe para “uma não reivindicação absurda da renegociação ou da reestruturação da dívida”.

Os ‘jovens turcos’ têm marcado terreno com posições mais radicais. Pedro Nuno Santos (o mais político do grupo) chegou a defender em 2011 a ‘insubordinação’ face aos credores. “Estou marimbando-me para os bancos alemães que nos emprestaram dinheiro nas condições em que nos emprestaram. Estou marimbando-me que nos chamem irresponsáveis. Nós temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e dos franceses. Ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos a dívida”. O discurso, perante militantes do PS, fez com que o vice-presidente da bancada do PS, então liderado por Seguro, ficasse em causa. Acabaria por se demitir, meses depois, por “divergências” com a direcção do partido. 

Sem chegar ao ‘não pagamos’, Pedro Nuno Santos, que voltou agora a vice-líder do grupo parlamentar, continuou a pedir a reestruturação. “Com a resposta política que está a ser dada ao país, não haverá alternativa à reestruturação da dívida”, dizia, ao lado de Luís Fazenda e Francisco Louçã, na antepenúltima rentrée do Bloco de Esquerda.

João Galamba, também economista, é outra voz que ousava pronunciar palavras tabus ao ‘centrão’ político, como haircut (um não pagamento parcial aos credores). “Qualquer alteração às condições do pagamento da dívida aos credores – sejam juros, sejam prazos, sejam montantes – é tudo haircut”, afirmava ao SOL, em Abril.

manuel.a.magalhaes@sol.pt e sonia.cerdeira@sol.pt