Costa pede fim da crispação na vida política após reunião com o PSD

O secretário-geral do PS, António Costa, defendeu hoje que, após o momento da escolha dos portugueses em eleições, exista uma convergência estratégica no país e se vire a página na crispação política dos últimos anos.

Costa pede fim da crispação na vida política após reunião com o PSD

Esta foi uma das mensagens centrais de António Costa no final de uma reunião com o PSD, encontro que decorreu na sede dos sociais-democratas, que durou uma hora e na qual esteve acompanhado pelo presidente do PS, Carlos César, pelo líder parlamentar, Ferro Rodrigues, e pelo dirigente socialista Porfírio Silva.

"Para além da governação do dia a dia – onde naturalmente existem divergências e onde este ano os portugueses vão ter a oportunidade de escolher os caminhos que desejam seguir -, é importante que haja uma visão comum sobre a visão estratégica para o país. Uma visão que, percorrendo necessariamente várias legislaturas, deve ser um objectivo de convergência entre as várias forças", defendeu o secretário-geral do PS.

Além da nota sobre "as grandes convergências de futuro", António Costa apelou também "ao diálogo entre as diferentes forças políticas", considerando como um dos factores mais negativos dos últimos anos o ambiente de "crispação e de incomunicabilidade".

"É necessário virar uma página nesse sentido", salientou o líder socialista.

Questionado se houve consenso entre PS e PSD sobre a ideia de consensos, o líder socialista contrapôs que a reunião não se destinou a "apurar caminhos", embora "seja necessário" esse percurso.

"Não há um único português que não sinta que o país tem de fazer uma opção de fundo, sabendo-se que os caminhos do empobrecimento ou do endividamento não são sustentáveis e que é necessário uma estratégia que permita ao país recuperar a capacidade de crescer, de forma a criar emprego e de ser competitivo com base na qualificação. É em torno destes temas que temos de encontrar as grandes convergências para o futuro, sob pena de o país não ser capaz de vencer com sucesso esta crise", advertiu.

Perante os jornalistas, antes de se reunir com o Bloco de Esquerda, o secretário-geral do PS foi interrogado se assina o apelo do Presidente da República, Cavaco Silva, sobre a necessidade de consensos na vida política nacional.

Costa começou por alegar que o chefe de Estado "fala por si próprio", mas apontou diferenças entre a sua e a mensagem de Ano Novo do Presidente da República.

"Creio que dissemos bastante diferente. O PS tem procurado sublinhar que o importante é a convergência do ponto de vista estratégico, razão pela qual defende que o país tem de encontrar um novo rumo. Não nos parece saudável nem normal limitar a procura de acordos a situações de natureza conjuntural, ou relativamente às opções que os portugueses vão ter de fazer em liberdade nas eleições", argumentou o secretário-geral do PS.

Ou seja, de acordo com António Costa, o PS não aceita que, "por via de um acordo partidário antecipado, se subtraia aquilo que devem ser os eleitores a escolher".

"Neste momento existe na Europa um grande debate sobre o futuro das políticas europeias, que deve ser também travado em Portugal e que vamos igualmente travá-lo nas próximas eleições legislativas", declarou.

Lusa/SOL