PS apresenta programa de Governo a 6 de Junho

O secretário-geral do PS anunciou hoje que apresentará o programa de Governo a 06 de Junho e o cenário macroeconómico de base já no final deste mês, defendendo uma redução do défice ajustada aos ciclos económicos.

PS apresenta programa de Governo a 6 de Junho

Estas posições foram assumidas por António Costa em entrevista à RTP, na sede do PS, que foi conduzida pela jornalista Fátima Campos Ferreira.

"Ninguém irá votar sem saber os compromissos que o PS assume. Ao contrário da vontade da maioria dos portugueses, que anseiam que haja rapidamente um novo Governo, o Presidente da República decidiu que as eleições serão entre finais de Setembro e princípios de Outubro. No dia 06 de Junho apresentaremos o nosso programa de Governo", disse.

Um programa de Governo que terá como base um cenário macroeconómico, que António Costa disse que será apresentado até ao final deste mês.

"Estará completamente definido qual o quadro financeiro de sustentabilidade desse programa de Governo. Este é o caminho certo e a pior coisa que podíamos estar a fazer era pôr o carro à frente dos bois, fazer promessas sem ter a certeza de as poder cumprir e fazer o favor ao Governo de pôr já em discussão o programa do PS", defendeu, depois de ter sido confrontado com críticas sobre uma alegada indefinição dos socialistas em termos de propostas políticas.

Ao longo da entrevista, António Costa criticou a política de austeridade seguida em Portugal e na Europa, chegando mesmo a dar uma imagem dramática sobre o futuro do continente, sobretudo em termos de consequências políticas, caso a actual linha económica e financeira se conserve a médio prazo.

"A Europa está a matar-se com esta política de austeridade, favorecendo o crescimento dos extremismos", advertiu, antes de dizer qual a "actual vantagem" dos socialistas portugueses na presente conjuntura face a outros partidos europeus da mesma família política.

"O PS fez bem em não se disponibilizar a ser bengala destas políticas. Há gente que faz sistematicamente apelos aos consensos, mas os compromissos têm de ser feitos em nome de valores", contrapôs, numa referência indirecta ao chefe de Estado, Cavaco Silva.

Ao longo da entrevista, António Costa foi confrontado por várias vezes sobre os meios que um futuro Governo socialista poderá dispor para cumprir o seu programa de fim da austeridade, designadamente através da promoção do investimento e da reposição dos cortes antes feitos nos salários dos trabalhadores do sector público.

"Temos de ajustar a redução do nosso défice às necessidades dos investimentos que temos de fazer no futuro – investimentos que permitam sustentar o futuro da nossa economia. E temos de ajustar a redução do défice ao próprio ciclo económico. Ou seja, quando crescermos bem podemos poupar mais, mas agora necessitamos de investir mais para podermos crescer", sustentou.

Costa defendeu mesmo que uma mudança de orientação económica e financeira nesse sentido "está em curso" na União Europeia, apesar de o Governo português atuar ao contrário.

Na entrevista, o secretário-geral do PS defendeu um amplo programa de reabilitação urbana, capaz de dinamizar o sector da construção civil e a fileira industrial deste sector, assim como uma redução do IVA da restauração para a taxa intermédia de 13 por cento – medida esta que classificou como essencial para combater o desemprego de longa duração.

O secretário-geral do PS criticou ainda o Governo por não usar verbas disponíveis no programa europeu "Garantia Jovem", lamentou os "atrasos" na criação de um banco de fomento e considerou urgente a adopção de um programa de recapitalização das empresas.

Lusa/SOL