Consenso de Cavaco não levanta PS

“Diálogo “, “consenso”, “compromisso”, mas também a qualidade da vida pública, o apelo à moderação do debate político, o desemprego jovem e até o mar. No décimo e último discurso como Presidente da República no 25 de Abril, Cavaco recuperou todos os seus temas preferidos. No final, o PS ficou sentado, num hemiciclo onde Mário…

Consenso de Cavaco não levanta PS

Se Cavaco Silva não trouxe novidade para o discurso, a verdade é que não deixou de reforçar os recados que tem deixado aos partidos. A mensagem do Presidente é clara: "As contas externas estão equilibradas", mas o "controlo da despesa pública e do endividamento do Estado " continua a ser um desafio que precisa de consensos e da mobilização dos portugueses.

E Cavaco acha que os portugueses se afastarão da política e dos seus desafios se se acentuar a  "conflitualidade política".

Mais um vez e à semelhança do tom que marcou quase todos os discursos de Cavaco como Presidente no 25 de Abril, voltou a apelar à "necessidade de compromissos inter-partidários". E sublinhou o que considera ser "a violência verbal amplificada pelo ruído mediático" que tem marcado o discurso político e deve ser evitada para não afastar os eleitores da política.

O Presidente acha mesmo que "se não houver da parte dos agentes políticos a consciência clara de que devem mobilizar os portugueses para estes desafios", então não servirão de nada os sacrifícios que foram pedidos aos portugueses durante os anos do programa de ajustamento.

Para Cavaco, é preciso que os partidos tenham consciência de que apesar dos progressos alcançados, os desafios "não se esgotam numa legislatura" e são necessárias "medidas concretas a pensar no futuro".

E aí a agenda do Presidente é também clara, com o "problema muito grave de natalidade", a sustentabilidade da Segurança Social e o desemprego jovem à cabeça.

Entre as prioridades de Cavaco estão também a criação de uma "estratégia de captação de talentos", o combate ao "desinteresse  dos jovens sobre a actividade política", a preservação do Serviço Nacional de Saúde, a "atitude firme de combate à corrupção" e, claro, o mar – uma das grandes bandeiras da sua presidência.

margarida.davim@sol.pt