CGD. Primeiro-ministro não quer desestabilizar o pilar do sistema financeiro

Costa partilha da opinião do Presidente e do governador. Passos garante que comissão de inquérito avança até ao final da sessão legislativa.

António Costa defendeu este sábado, em Paris, a necessidade de não desestabilizar a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o grande pilar do sistema financeiro português.

"Partilho com o sr. Presidente da República e com o sr. governador do Banco de Portugal a necessidade de sermos muito prudentes, não procurar destabilizar o nosso sistema financeiro, sobretudo aquele que é o grande pilar do nosso sistema financeiro que é a Caixa Geral de Depósitos”, afirmou à saída de uma reunião com o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. 

O chefe de governo português fez questão de frisar, no entanto, que "seria particularmente indelicado que o governo se intrometesse" no debate que "está em curso na Assembleia da República", sobretudo "porque não é uma comissão de inquérito sobre a atuação do atual governo nem de um período da responsabilidade do atual governo”.

O Expresso noticiou este sábado que Marcelo Rebelo de Sousa e Carlos Costa estão a procurar uma alternativa ao  inquérito à CGD proposto pelo PSD em articulação com o primeiro-ministro.

Numa nota enviada ao início da madrugada à agência Lusa, o Presidente da República reafirma que oficialmente "que não toma posição sobre matérias da competência da Assembleia da República, que, em caso algum, podem ser objeto de intervenção presidencial, como é o caso com comissões parlamentares de inquérito".

"Não tem por isso fundamento uma tomada de posição quanto a eventual comissão parlamentar de inquérito sobre a CGD”, conclui.

Questionado sobre a possível alternativa à uma comissão de inquérito, António Costa mostrou-se convicto de que se o Parlamento "puder ter acesso ao conjunto de informação que ao longo dos anos as instituições de supervisão quer portuguesas quer europeias têm obtido sobre a CGD" será suficiente para "satisfazer aquilo que é legítimo, que é os deputados quererem saber o que é que se passou e, por outro lado, não repetir aquilo que já foi feito”.

 “Talvez isso ajude a que tudo se encaminhe no bom sentido de nada ficar por saber mas não se perturbar a estabilidade do nosso sistema financeiro e em particular a Caixa Geral de Depósitos, que é o grande pilar da estabilidade do nosso sistema financeiro", acrescentou.

Apesar das conversas de bastidores, o presidente do PSD, Passos Coelho, garantiu esta sexta-feira à noite que a comissão de inquérito será constituída ainda nesta sessão legislativa.

"Não depende da vontade da maioria do Parlamento constituir a comissão. Ela pode ser formada por iniciativa do meu partido. Um requerimento será ultimado nos próximos dias e a comissão vai ser formada ainda nesta sessão legislativa", afirmou em São Paulo, no Brasil.

Passos Coelho defendeu que "a única maneira" de criar "confiança no sistema e na própria instituição é pôr tudo em pratos limpos". "Tenho pena que o Governo não apoie esta campanha mas já que isto não resulta de um intensão do governo, o Parlamento tem a obrigação de o fazer".

O líder do PSD responsabilizou a comunicação social pelas notícias que dão a ideia de que a CGD necessita de uma capitalização "muito avultada" – garantindo que não é alimentada por ele ou pelo seu partido..

"O maior banco de Portugal não pode viver numa espécie de clima de suspensão" e "a única maneira de criarmos confiança no sistema e na própria instituição é pôr tudo em pratos limpos", concluiu.