PSD “não vai ser tábua de salvação” de Costa

O PSD ainda não se pronunciou sobre as medidas de redução do pagamento especial por conta hoje anunciadas por António Costa. Mas Luís Montenegro já veio explicar por que Passos disse ontem no debate, com o microfone desligado, que o salário mínimo é “excessivo”.

Luís Montenegro considera que a política salarial do Governo tem "pés de barro" porque não está sustentada por um crescimento económico que suporte os aumentos decididos. E é por isso que o PSD considera "excessivo" o aumento salário mínimo nacional para os 557 euros.

“Se não houvesse excesso não havia compensação, se o Governo deu aos trabalhadores aquilo que é justo então não tem de compensar os patrões”, disse aos jornalistas à saída da reunião do grupo parlamentar do PSD, criticando o objetivo do Governo de subir o salário mínimo para os 600 euros até 2019.

“É um aumento de 20% em quatro anos que contrasta com o crescimento económico previsto de 5,5% ou 6% também em quatro anos”, apontou.

O líder da bancada parlamentar do PSD acha mesmo que, apesar das críticas feitas pela esquerda aos sociais-democratas, é o Governo que está a estimular uma economia baseada nos baixos salários.

"Em abril de 2014 havia cerca de 400 mil pessoas a receber o salário mínimo, e agora há mais de 800 mil — acham que isto não é política de baixos salários?”, atirou Montenegro, que avisa Costa de que não pode continuar a contar com o PSD para ter apoio em matérias em que não se entende com BE, PCP e PEV.

“Querem discutir as PPP na Saúde? Vamos a isso. Querem discutir a política de transportes? Vamos. Querem discutir a política salarial? Vamos. O PSD tem liberdade total para decidir e para refletir sobre o que é melhor para o país, e está disponível para discutir todas as matérias no Parlamento, mas não vai servir de muleta nem vai ser a tábua de salvação de um primeiro-ministro que não consegue apoio onde disse que o tinha”, alertou Montenegro.

Sobre a descida do pagamento especial por conta, o social-democrata frisou ser a favor de políticas fiscais mais atrativas, "nomeadamente através da baixa do IRC". Mas condenou o que diz ser uma política económica "a la carte", feita para corrigir as "trapalhadas" de um Governo sem maioria para sustentar todas as suas posições.