Passismo já reúne sem Passos

Luís Montenegro foi o orador. Na plateia, atentos, estavam homens como Miguel Relvas e Marco António Costa. Para o antigo ministro-adjunto falou «um dos rostos do futuro do PSD».

Luís Montenegro foi a exame, a uma audição preliminar em nome do futuro que sugere – para o PSD e para o país.

O líder parlamentar dos laranjas descreveu-se não como «um perigoso liberal», mas como um político sem «preconceitos na educação e na saúde».

«Quero aproveitar a sociedade para dar a resposta concreta que o cidadão precisa», afirmou Luís Montenegro, que tem sido apontado como potencial herdeiro de Pedro Passos Coelho no PSD, assim como o preferido de Miguel Relvas como candidato à presidência social-democrata. 

Luís Montenegro criticou o facto de o país discutir «décimas para aqui e para ali», sendo que se o alvo poderá parecer o défice de 2016 como bandeira do governo socialista, não é despiciendo lembrar que Passos entrou no debate das ‘décimas’ quando recordou o défice conseguido por Miguel Cadilhe em 1989 para contrapor o défice de Mário Centeno como o «mais baixo da história da democracia».

Montenegro não se dedicou, portanto, a um discurso de oposição. «Aquilo era um programa de governo, era uma carta para o futuro», disse ao SOL um dos deputados presentes no almoço desta semana.

Montenegro trouxe propostas: na reforma fiscal, acabar com as três taxas do IVA, tendo uma única e reduzida em 6%; na reforma do sistema político, a eleição de deputados com um modelo similar ao grego, com o partido vitorioso a receber um bónus que garanta estabilidade política.

«Não estou ressabiado nem com azia», garantiu ainda o orador, quase em contraste com as críticas que têm sido atiradas a Passos.

Na conclusão veio de uma pergunta da audiência acerca da maçonaria e a resposta foi segura: nunca sentiu «pressão de grupos nem tomou decisões por interesses».

No almoço no Hotel Hilton Fontana Park, organizado pelo International Club de Portugal em Lisboa, estavam presentes os seus vices de bancada, Hugo Soares e Carlos Abreu Amorim, homens-fortes do passismo, assim como Marco António Costa e Miguel Relvas, homens-fortes do aparelho. Marco António, vice-presidente de Passos Coelho. Relvas antigo braço-direito e hoje mais distante.

Relvas disse mesmo que o PSD «tem de virar a página» e «apresentar um projeto alternativo», referindo-se a Montenegro como sendo, «incontestavelmente um dos rostos do futuro do PSD».

Mas havia, além de Hugo Soares e Abreu Amorim, quadros também próximos de Passos, como Luís Vales, secretário-geral adjunto, e Miguel Pinto Luz, presidente da distrital do partido em Lisboa. Viu-se também Fernando Negrão, parlamentar e ex-governante, Manuel Frexes e Andreia Neto, deputados, Ângelo Pereira, candidato laranja à Câmara Municipal de Oeiras, Diogo Agostinho, antigo chefe de gabinete de Pedro Santana Lopes, e ainda a curiosa presença de Fernando Lima – o polémico adjunto de Cavaco Silva na presidência da República.