António Costa: “As minhas conversas com o Presidente da República são entre nós”

O primeiro-ministro foi questionado sobre a “crispação” com Marcelo Rebelo de Sousa depois do discurso sobre os incêndios

António Costa afirmou que não existe crispação entre ele e Marcelo Rebelo de Sousa e defendeu que as conversas entre o primeiro-ministro e o Presidente da República. 

"O primeiro-ministro não faz análise política e como já disse várias vezes, as minhas conversas com o Presidente da República são entre nós e não são para tornar públicas", disse Costa. "Nem agora nem em futuros livros de memórias". 

No entanto o primeiro-ministro garantiu que da parte dele "não há crispação nenhuma" acrescentando que tem "grande lealdade e grande cooperação com o Presidente". António Costa chegou mesmo a citar a sua relação com Cavaco Silva que "começara de uma forma muito difícil" mas acabaram com a Cavaco a presidir "ao último conselho de ministros que teve lugar no seu mandato". 

Sobre o impacto do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na demissão de Constança Urbano de Sousa, António Costa recusou-se a responder. "Acho que a senhora ministra da Administração Interna fez o trabalho que tinha combinado fazer", explicou o primeiro-ministro referindo-se ao trabalho de preparação para o conselho de ministros extraordinário. Depois, "entendeu que não tinha mais condições para exercer funções", deixando Costa sem outra opção que não aceitar a demissão. No entanto, o primeiro-ministro criticou o desperdício de tempo "com essas querelas institucionais". 

Em relação às culpas da tragédia, Costa assumiu que "houve uma subestimação dos riscos da primeira quinzena de outubro e que se mantém até este momento". "Isso é indiscutível." O primeiro-ministro reconheceu que houve por parte do IPMA um aviso, que a Proteção Civil alertou para a situação na sexta-feira antes da tragédia mas que "houve uma subestimação do furacão Ophelia". António Costa explicou ainda que "os meios aéreos que havia disponíveis não puderam operar tal era a força dos ventos". 

Sobre o Orçamento de Estado, Costa mostrou-se convicto de que não haverá impacto, "primeiro porque as próprias regras da União Europeia dão um tratamento excecional a medidas como estas de situações extraordinárias" e depois "porque temos feito um esforço acrescido em outras áreas".