Anacom não divulga dados do setor desde o ano passado

De acordo com os dados a que o i teve acesso, a Altice ganhou quota de mercado no serviço de televisão, aproximando-se cada vez mais do líder de mercado, que é a NOS, mas lidera nos restantes serviços.

A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) tem “falhado” na divulgação das informações sobre o setor das comunicações, nomeadamente as quotas de mercado de cada um dos operadores nos mais variados serviços. Os últimos dados que foram divulgados pelo regulador dizem respeito a 2018. Uma situação que está a criar uma verdadeira dor de cabeça às empresas que atuam neste mercado e não só. Ao que o i apurou esta “falta de transparência” também está a criar um desconforto no Governo que já foi alertado várias vezes para estas ausências de informação. 

O i sabe que os operadores continuam a comunicar trimestralmente à Anacom uma série de informações estatísticas referentes à sua atividade e à evolução dos vários produtos e serviços. E, ao contrário do que acontecia anteriormente, o regulador deixou de publicar esses dados com regularidade trimestral. 

Esta falta de divulgação terá levado o setor a questionar o regulador por considerar que estes relatórios são importantes para o mercado por fornecerem informação agregada, global, não só sobre a evolução dos vários mercados de redes e serviços de comunicações eletrónicas – o que permite identificar tendências, avaliar as estratégias seguidas e delinear a atuação futura.

Além disso, a entidade liderada por Cadete de Matos deixou de publicar outros dados estatísticos, nomeadamente a cobertura das Redes Nova Geração (RNG), assim como o relatório das redes e serviços de alta velocidade em local fixo, reintroduzindo os valores de cobertura considerando múltiplas cablagens.

Quotas de mercado De acordo com os dados que foram divulgados pelos operadores ao regulador relativos ao primeiro trimestre e que, até à data, ainda não foram divulgados pela Anacom, o grupo Altice lidera na maior parte dos serviços, ficando em segundo lugar na oferta de televisão por subscrição, mas com uma diferença cada vez mais reduzida para o líder de mercado, a NOS, de acordo com os dados a que o i teve acesso.

Mas vamos a números. No serviço de distribuição de sinais de televisão por subscrição em local fixo, a NOS lidera o ranking com mais de 1,6 milhões de clientes, o que representa uma quota de mercado de 40,8%. Ainda assim, registou uma queda de 7% quando comparado com o trimestre anterior. Neste negócio, o maior destaque vai para a Altice ao totalizar mais de 1,5 milhões de clientes, uma subida de 19% face aos trimestre anterior, conquistando assim 40,8% de quota de mercado. Também a Vodafone fechou os três primeiros meses do ano com 614 mil clientes, o que representou um aumento de 19%, passando a deter 4% de quota de mercado. 

No que diz respeito aos acessos principais ao serviço telefónico em local fixo, o grupo Altice lidera o mercado com 2,3 milhões de clientes de janeiro a março deste ano, um aumento de 0,6% face ao trimestre anterior contra 1,7 milhões da NOS (uma descida de 0,5%) e 850 mil da Vodafone (uma subida de 2,3%).

A dona da MEO também lidera nos acessos móveis. Nos três primeiros meses do ano, a empresa liderada por Alexandre Fonseca contava com quase 8 milhões de clientes, o equivalente a 46,1% de quota de mercado. No segundo lugar da tabela surge a Vodafone com mais de 4,8 milhões de clientes, representando 28,1% de quota de mercado. Em terceiro aparece a NOS com 4,1 milhões de clientes (23,9% de quota).