Quem pode ganhar com a pandemia?

Chamadas para a Linha da Saúde 24 vão passar a ser gratuitas, mas até aqui os portugueses chegavam a pagar até sete cêntimos por minuto, ganhando a operadora que gere o número. Supermercados e empresas farmacêuticas vão ver os lucros crescer.  

Quem pode ganhar com a pandemia?

Mesmo em tempos de crise há empresas e serviços que podem ganhar e registar lucros. Com o Covid-19 em Portugal não será diferente. Aliás, até mesmo com a linha Saúde 24 houve privados (que fazem a gestão da linha) a ganhar por estes dias. A partir de agora, porém, isso deixará de acontecer, uma vez que ligar para a linha SNS 24 passará a ser gratuito. O anúncio foi feito, esta sexta-feira, pela secretária de Estado Adjunta e da Saúde que explicou que as chamadas terão custo zero durante «todo o período de exceção, que é este período de pandemia». Até aqui, os portugueses estavam a pagar até sete cêntimos por minuto, no caso de estarem a ligar entre as 9h e as 22h. O valor pago, sabe o SOL, ia para a empresa responsável pela gestão da linha, ou seja, a Altice que é a operadora prestadora de serviço que assinou acordo com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS). O SOL sabe de casos de pessoas que não foram atendidas nos últimos dias e gastaram quase cinco euros a tentarem uma resposta por parte do SNS24.

Mas não é caso isolado nem o mais significativo. As empresas que mais podem ganhar com esta pandemia são, sem dúvida, as farmácias que registaram um aumento na procura de máscaras e desinfetantes, passando de 9528 embalagens de máscaras vendidas em janeiro para 419 539 em fevereiro, o que representa um crescimento de 353,4%, revela ao SOL a Associação Nacional de Farmácias (ANF). No mesmo período, a procura por desinfetantes também subiu 136,9%. Em janeiro foram vendidas 83 989 embalagens, número que cresceu para 198 939 embalagens em fevereiro. «A subida é ainda maior se compararmos com igual período do ano passado, com as máscaras a registarem um aumento de 1829%. O aumento da procura deste produto tem sido exponencial. Já em janeiro deste ano registou-se um aumento significativo de 258,1% face ao mês homólogo no ano de 2019», diz a ANF, acrescentando ainda que «as farmácias estão a desenvolver todas as diligências comerciais e a trabalhar com os seus fornecedores de forma a darem resposta ao crescimento da procura por este tipo de produtos». Também a Associação de Farmácias de Portugal confirma verificar-se «um aumento na procura de máscaras e gel desinfetante que pode conduzir a situações temporárias de rutura de stock».

Já os supermercados têm estado cheios de pessoas e com prateleiras vazias. A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) já admitiu um aumento de procura nos supermercados, mas garantiu estar tudo controlado, prometendo a reposição do stock. 

Ao SOL, a APED garantiu que «continuará a acompanhar e a monitorizar a situação, em contacto direto com as entidades competentes, nomeadamente a Direção-Geral da Saúde, e apela a que se mantenha a tranquilidade e responsabilidade demonstradas pela população até agora». 

As conservas registaram um forte aumento de procura. No entanto, a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP) também já veio garantir que a situação está controlada e que tem stock disponível.

E-commerce pode disparar

A quarentena dos portugueses será também uma oportunidade de negócio para o e-commerce que vai ver as suas vendas dispararem entre 20% a 30% nas próximas duas semanas. O alerta é dado pela Insania. «As pessoas estão a procurar produtos que satisfaçam as suas necessidades diárias, produtos de cuidado pessoal, higiene e limpeza, pelo que vamos reforçar de imediato os nossos stocks», informa a diretora de comunicação da empresa, Sofia Alexandre.

A empresa destaca as 400 unidades de álcool em gel antissético colocadas à venda esta quinta-feira e que esgotaram em 50 minutos, tendo em carteira mais de mil encomendas no espaço de 12 horas após o fim do stock.

Segundo a Insania, só nos últimos 15 dias as suas vendas aumentaram em 15%, sendo expectável de que esse aumento se acentue.

O SOL sabe também que há estabelecimentos que têm notado  um acréscimo na venda de computadores portáteis, o que poderá estar relacionado com a opção de muitas empresas em colocar os seus trabalhadores a desempenhar as funções a partir de casa. No entanto, não foi possível confirmar até à hora de fecho desta edição se se trata de um acréscimo significativo a nível nacional.