Quanto pior, melhor

Coitada da nossa direita. Anda mal servida, em questão de direcção política e, no fundo, talvez tenha a que merece.

Parece que o anexim é estrangeiro, mas leva-se muito a sério em Portugal: ‘Em política o importante é falar de nós, nem que seja para dizer bem’. Resumindo, em política, quanto pior se disser, melhor.

E temos aí a comprová-lo a eleição de certos dirigentes, que não parecem nada realmente flores que se cheirem. Tanto em Portugal (não vamos mis longe: fiquemo-nos pelo condenado em Oeiras), como no estrangeiro (Trump, Bolsonaro, etc.). Normalmente, as pessoas que votaram neles acabam por se arrepender, mas nem sempre. Às vezes o Poder é tão pouco, que nem se dá por isso.

Vem isto a propósito do Senhor Ventura (desculpem-me, mas não resisto ao do Torga, que me foi dado a conhecer pelo falecido Fonseca e Costa, quando andou com um projecto do Oriente), mas o do C., considerado pouco sério por um Tribunal, que o obrigou a um pedido de desculpas a uma família que ele considerou na TV de ‘bandidos’, talvez apenas por não terem a sua cor da pele.

Por mim, que não gosto da extrema-direita, nem gosto da extrema-esquerda, O Senhor Ventura é um ótimo dirigente para o C. Quer pelas suas óbvias incapacidades (agora mais esta: não podemos acreditar em nada do que diga numa TV, sobretudo em campanhas eleitorais), quer pela falta de jeito em geral. Por algum motivo, as direitas do MEL aplaudiram essencialmente Pedro Passos Coelho, que lhes terá parecido um dirigente melhor, mas que também tenho dúvidas no seu sucesso. De resto, estou convencido de que se fôssemos a votos, como bandido, apesar da diferença de cores de pele, quem ganharia seria este Senhor Ventura do C.

Coitada da nossa direita. Anda mal servida, em questão de direcção política e, no fundo, talvez tenha a que merece. Nem o Sr. Salvini salva o Sr. Ventura do C., que se multiplica em provocações, sempre respondidas pelos seus extremistas (de direita ou de esquerda). Mas o seu relativo (ou relativíssimo) sucesso está nisso.

Será por isso (pelo anexim) que a IL fez em Lisboa um arraial de santos populares, no Stº António, contrariando as directrizes da autoridade de saúde e o que ela própria tinha afirmado quando o PCP também contrariou de algum modo, mas obedecendo-lhe às normas sanitárias essenciais?