Crianças. IL acusa autoridades de falta de coordenação nas vacinas

Reação surge depois da DGS ter recomendado vacinar crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades. Marcelo lembrou que vacinação de crianças saudáveis está aberta à “livre escolha dos pais”.

O líder do Iniciativa Liberal acusou, este domingo, autoridades de saúde e autoridades políticas de falta de coordenação sobre a vacinação de crianças contra a covid-19, defendendo que só devem vacinar-se aquelas que padecem de doenças graves. “O que é evidente é que não há coordenação entre as autoridades de saúde e as autoridades políticas [Presidente da República], mas há também pouco esclarecimento sobre os dados científicos que estão neste momento recolhidos sobre a vacinação de crianças”, disse João Cotrim Figueiredo, à margem da apresentação das candidaturas aos órgãos autárquicos do município de Gondomar.

"Estávamos confortáveis com a decisão que foi comunicada há 48 horas pela DGS, de só exigir vacinação daqueles jovens que tivessem com comorbilidades graves, porque esses sim correm risco da própria vida em proteção própria. Em proteção da sociedade não devemos exigir aos jovens que se vacinem, porque não conhecemos os efeitos a longo prazo. A sociedade não pode exigir a nenhum dos seus membros um sacrifício coletivo sem saber exatamente porque é que está o está a fazer”, salientou o líder do partido.

Recorde-se que a DGS recomendou, na sexta-feira, a administração prioritária de vacinas contra a covid-19 para crianças entre os 12 e os 15 anos com comorbilidades. No entanto, considerou que deve ser dada esta possibilidade de vacinação a todas as crianças desta faixa etária por indicação médica e de acordo com a disponibilidade de vacinas, remetendo uma decisão sobre o acesso universal destas idades para mais tarde.

A vacinação universal continua, para já, a ser apenas recomendada a partir dos 16 anos, seguindo o plano de vacinação em curso. A DGS não descartou, no entanto, alterações futuras se houver “novas variantes de preocupação”.

“Escolha dos pais”

Umas horas antes do discurso do líder da Iniciativa Liberal, o presidente da República tinha chamado a atenção para o facto de as autoridades de saúde não terem proibido a vacinação contra a covid-19 para crianças saudáveis, considerando que “esse espaço continua aberto à livre escolha dos pais”, afirmou à margem da assinatura de um protocolo sobre a participação de Portugal como país convidado da Bienal do Livro de São Paulo em 2022, no último dia da sua deslocação em São Paulo.

No entanto, alertou que isso “pode fazer a diferença”, nomeadamente para a frequência de escolas, haver crianças vacinadas “que possam certificar essa vacinação”. “E isso é importante na vida das famílias”. 

Recorde-se que há uma semana, o primeiro-ministro tinha anunciado que estava “tudo preparado” para vacinar contra a covid-19 um total de 570 mil crianças e jovens dos 12 aos 17 anos, nos fins de semana entre 14 de agosto e 19 de setembro, mas que aguardava o parecer da DGS que, entretanto, foi contra.

Ainda assim, a Madeira avançou este sábado com o plano de vacinação para esta faixa etária, alegando estar a seguir as regras da Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com Miguel Albuquerque, a região está “a seguir aquilo que é fundamental, que é proteger através da vacinação”, considerando que esta é “a melhor medida para prevenir quer a doença, quer a sua propagação”.

Preços sobem

As farmacêuticas Pfizer e Moderna estão a acompanhar o aumento da procura com a subida de preço das suas vacinas nos últimos contratos de fornecimento à União Europeia (UE), subindo 25% e 13%, revelou o Financial Times. De acordo com o jornal, os termos dos contratos, assinados este ano até 2023 para um fornecimento total de 2,1 mil milhões de doses, foram renegociados após estudos clínicos terem indicado que as vacinas mRNA das duas empresas apresentavam melhores taxas de eficácia contra a covid-19 do que as vacinas mais baratas desenvolvidas por AstraZeneca e Janssen.

O preço de uma dose de vacina da Pfizer aumentou dos atuais 15,50 euros para 19,50 euros, de acordo com partes do contrato a que o Financial Times teve acesso, enquanto o preço de uma dose da vacina da Moderna subiu para 21,48 euros (25,50 dólares), face aos anteriores 19 euros (22,60 dólares) previstos no primeiro acordo de fornecimento.