Este é “um debate entre um partido de direita e um partido de centro”, diz Rui Rio no frente a frente com Francisco Rodrigues dos Santos

Para Rio, a diferença é clara: votar nos sociais-democratas é “votar mais ao centro, onde cabem eleitores de direita, mas também de esquerda”, enquanto escolher o CDS é “votar mais à direita e um voto mais conservador”. Os habituais companheiros confrontaram-se num debate em que admitiram que iriam privatizar a TAP, mudar o modelo económico, ao passo que o…

Notícia atualizada às 22h25

O final da primeira semana de debates termina com o confronto entre os dois partidos – PSD e CDS-PP – que eram habituais companheiros em legislativas que são agora assumidos adversários.

Questionado sobre a não-coligação, Rui Rio, presidente do PSD, começou logo por dizer que este “não é um debate entre dois partidos de direita: é um debate entre um partido de direita e um partido de centro”, ao justificar que "o mais comum" é os dois partidos de direita não irem coligados. Para Rio, a diferença é clara: votar nos sociais-democratas é “votar mais ao centro, onde cabem eleitores de direita, mas também de esquerda”, enquanto escolher o CDS é “votar mais à direita e um voto mais conservador”.

Já o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, disse que não aceitaria "taxativamente" concorrer coligado, uma vez que os "entendimentos" entre os dois partidos são diferentes. No entanto, Rodrigues dos Santos ainda chamou à atenção a Rio: “Convinha que tivesse aprendido alguma coisa com as eleições de há dois anos”, notando que seria preciso construir uma “maioria de centro-direita”.

Francisco Rodrigues dos Santos também fez um apelo a “todos os que votaram no PSD e CDS”, ao identificar o CDS como uma “alternativa ao PSD e à extrema-direita”. 

Mesmo com as suas divergências, Rui Rio admitiu que se "ganhar sem maioria", o CDS será o primeiro partido com o qual o PSD quererá se entender. 

Por outro lado, Francisco Rodrigues dos Santos apontou que o CDS "não foi descartado, tem projeto próprio e não é muleta”, ao reforçar que o seu partido tem uma "identidade de direita", garantido, segundo o seu líder, "uma oportunidade" para ser a "voz da direita sensata e com sentido de compromisso". Já Rio foi aproveitando para pedir aos portugueses um voto útil: “Quem não quer António Costa no Governo, tem de votar PSD”.

Quanto às práticas que vão querer implementar na economia, Rodrigues dos Santos defendeu uma redução grande dos impostos na energia, entre os quais o gás natural, do IRS – uma medida que irá avançar de imediato, ao contrário do PSD que quer reduzir apenas em 2025, pois irá diminuir primeiro o IRC -, nos escalões e nas taxas, e ainda admitiu privatizar a TAP.

Rui Rio explicou que “no quadro macroeconómico projetado, no caso da pandemia não se agravar, não se agravarem as taxas de juros”, prevê alocar “11,5% do crescimento do produto à redução de impostos, dá 2 mil milhões de euros, 23% à redução do défice, que dá 4 mil milhões”. O líder do PSD disse que “ao contrário do PS” quer condicionar as propostas (como a redução de impostos) ao crescimento do país e à conjuntura económica do país.

Uma das metas de Rio será descer o IRC e o IRS, neste caso, em primeiro lugar o IRC. “Vamos baixar os dois: nos dois primeiros anos vamos descer o IRC, para ter melhores empregos e melhores salários, e nos últimos dois anos vamos descer o IRS. É uma opção estratégica. Vamos começar pela produção e não pelo consumo", assinalou Rui Rio. 

Além disso, o presidente do PSD 'apanhou' a deixa do líder do CDS sobre a TAP, ao dizer que a companhia aérea é "uma vergonha". Interrogado sobre a possível privatização da TAP, Rio deixou claro que irá fazê-la. "Acha que a TAP fica neste estado a destruir as finanças públicas? Abandona Porto, Faro, as regiões autónomas", afirmou o líder do PSD à moderadora do canal televisivo CNN Portugal. 

O tema da eutanásia foi colocado em cima da mesa e ambos os candidatos fizeram questão de salientar a clara e "diferença gigantesca" quanto à sua posição. 

Rui Rio disse que existe uma grande diferença entre os dois partidos: “PSD é contra a eutanásia, CDS é contra a eutanásia”, enquanto o “CDS impõe liberdade de voto, o PSD dá liberdade de voto”, ao vincar que a “liberdade de voto é a tal ponto de eu, que sou o líder, votar contra a maioria.”

Para Rodrigues dos Santos, o CDS é claramente contra a eutanásia, ao negar a hipótese de "negociar o valor da vida”, criticando Rio por ter votado contra o referendo à eutanásia: “Dá liberdade aos deputados mas não ao povo português”. 

Para encerrar o debate, os candidatos viram-se questionados sobre de quem será a culpa se não houver maioria de direita. O líder do CDS atacou o presidente do PSD devido as suas posições quanto à regionalização, ao frisar que é contra "mais tachos e mais corrupção”. “Se for isso que está a dizer estamos de acordo”, sorriu Rio, depois da afirmação de Francisco Rodrigues dos Santos.

“Vou-lhe dar um desgosto porque o CDS não se vai extinguir”, salientou Rodrigues dos Santos, ao vincar que a única garantia que Rio deu no debate foi estar preparado para derrotar o PS e a extrema-direita, mas que não tem capacidade para assegurar uma maioria de direita. 

Rio quis terminar o debate apelando novamente pelo voto útil: “Se não quiserem votar no PSD, podem votar no CDS”.