António Costa afirma que país não pode “viver com governos provisórios de dois em dois anos”

“Temos de ter à frente do Governo alguém com a capacidade de gerar consensos, mas também quem seja capaz de resistir às modas do tempo e persistir na execução de uma decisão”, disse primeiro-ministro.

António Costa afirmou esta terça-feira que o país precisa de um Governo com um suporte estável, mas também de estabilidade na execução política.

O primeiro-ministro falava na abertura de uma sessão com a Confederação do Turismo de Portugal (CTP), que decorreu na sede do Partido Socialista (PS), depois de Francisco Calheiros, presidente desta confederação patronal, o ter questionado sobre o que vai fazer o PS se perder as eleições e o PSD precisar dos socialistas para viabilizar o seu executivo no parlamento.

O presidente da CTP questionou também António Costa sobre o que será feito caso o PS vença com uma maioria relativa e se, desta vez, admite um entendimento com o PSD. Contudo, o secretário-geral dos socialistas conseguiu evitar responder às perguntas sobre eventuais acordos entre partidos.

"A estabilidade é uma condição para que o país prossiga uma trajetória sustentável de crescimento.  Não podemos passar a tempo de crise política em crise política, não podemos viver com governos provisórios de dois anos, temos de ter um horizonte estável", respondeu, sem fazer alusão, quer a um cenário de vitória do PSD, quer de uma nova maioria relativa do PS no parlamento.

O primeiro-ministro falou ainda do conceito de estabilidade, complementando o que havia sido dito por Francisco Calheiros. 

"Quando se fala em estabilidade, não se trata só de saber como é que temos Governo. É também que políticas desenvolve esse Governo", declarou, acrescentando que "quando vemos o principal partido alternativo ao PS começar a encarar a possibilidade de renegociar com a União Europeia o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e não aceitar a assinatura do Portugal 2030, temos então motivos para recear o atraso que implicaria o financiamento do esforço de recuperação".

António Costa usou a questão do novo aeroporto complementar de Lisboa para atacar o PSD, dizendo que, quando o seu primeiro Governo minoritário entrou em funções, em novembro de 2015, se disponibilizou a prosseguir a opção do executivo de Pedro Passos Coelho pelo Montijo.

"O PS não quis reabrir esse debate, dando execução à opção de Pedro Passos Coelho, mas teve a resistência de dois municípios do PCP, o que exigia a alteração da lei. Para grande surpresa, o PSD, após a sua mudança de liderança, tendo um vice-presidente, David Justino, campeão dos defensores de Alcochete, impediu a alteração da lei", realçou.

De acordo com o secretário-geral do PS, este processo "demonstra bem como a questão da estabilidade de políticas é essencial".

"Temos de ter à frente do Governo alguém com a capacidade de gerar consensos, mas também quem seja capaz de resistir às modas do tempo e persistir na execução de uma decisão", concluiu.